A Anistia Internacional vai socorrer os baianos?

A Anistia Internacional vai socorrer os baianos?

Pico de violência no estado do nordeste brasileiro já apresenta um saldo superior a 50 mortos. Mas pedir a interrupção das operações policiais é uma solução para quem vive esse caos? Ou só mais um discurso de teóricos, burocratas e politiqueiros protegidos lá na segurança dos seus birôs ou escondidos atrás da telinha dos seus computadores? Quem vai proteger, de verdade, o cidadão comum baiano?

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A Anistia Internacional tem um objetivo nobre. Defender os direitos humanos acima de tudo. É como também defendem os bons policiais, os bons juristas e os bons legisladores. Os bons, eu falei. Aqueles que entendem a realidade de seu povo e o que precisa ser feito em nome dele. A paz não é um direito do cidadão, um direito humano básico? O medo é um direito? Como se reverte a situação em lugares onde o medo impera e criminosos não permitem que cidadãos comuns vivam em paz? Bom, isso não é só com “tecnologia de dados” que se faz. É estando lá, ao lado do povo, sentindo o que ele sente e levando a sério seu cotidiano.

Em dois meses, mais de 80 mortes em confrontos na Bahia. O problema é que o estado tem, hoje, as cidades mais violentas do Brasil. E isso devemos agradecer às organizações criminosas que fazem do comércio ilegal de armas, drogas e produtos de roubo o seu grande negócio. Esses bandidos matam sem pestanejar para fazer valeu seus interesses. Matam pobres, negros, mulheres e crianças, matam policiais. E estão nem aí. Mas esses bandidos têm também suas redes de corrupção e seus políticos no bolso. Dinheiro é dinheiro. Tem gente que não está nem aí se ele se mancha de sangue quando o negócio é bom e dá lucro, ou dá voto - os votos que levam aos lucros, depois.

Mas com este detalhe, a Anistia Internacional não parece se preocupar. É tipo: vamos denunciar policiais, vamos pedir para pararem as ações policiais que resultam em mortes de criminosos. As ações criminosas, e até políticas, que geram mortes de inocentes, todos os dias, bom, essas podem prosseguir. Não é assim né? Me digam que estou enganado! Me digam que não estão pedindo para que as vítimas de roubos, assaltos, violência sexual e aliciamento de menores liguem, em vez do 190, em vez dos policiais que os socorrem todos os dias, para uma ONG? Só posso estar enganado.

Parar as ações policiais por conta dos resultados é como fazer o estado recuar, o povo ficar à mercê e o decretar os bandos de criminosos como vencedores da guerra. Nesta lógica de recuo e rendição a bandidos, Hitler teria dominado o planeta. E nem Anistia Internacional existiria hoje. Então, pelo menos, se recomenda que os autores do manifesto que chama de “licença para matar” os resultados do conflito, vão até lá, onde o bicho pega, e tentem perceber o pavor dos trabalhadores que não podem mais pegar ônibus sem medo de morrer na mão de bandido incendiário. Que sintam o medo das crianças que não podem nem ir par ao colégio. Que sintam a dor do povo, e não se deixem levar pela euforia desses discursos inflamados de quem fica tomando achocolatado e vendo o mundo pelo celular.

Sim, a guerra precisa parar, o povo baiano não merece isso. Sim, as mortes precisam parar. Sim, toda ação de estado precisa ter limites e ser fiscalizada pela cidadania. Mas se o crime tem tantos aliados, não é entregando a Bahia de bandeja para eles que vai se resolver o problema. O crime está agindo com crueldade e força. Não tem outro tipo de enfrentamento possível. Ou é jogar o cidadão comum a fome das feras.


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