O bizarro crime de Sergipe

O bizarro crime de Sergipe

O corpo de Celso Adão Portella, professor, escritor, advogado e jornalista gaúcho, estava na geladeira de uma mulher, em Aracaju, desde 2016. Afinal, o que há por trás desse caso tão estranho? Por que, mesmo com quatro filhos, seu desaparecimento nunca teve qualquer repercussão? Como alguém fica tempo tanto à margem do poder público com tantas coisas horríveis acontecendo dentro de sua casa e com uma criança envolvida?

Reprodução: Record TV

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Segundo a autora confessou, em depoimento à polícia, ela teve um caso extraconjugal com o morto (que era casado), sendo bem mais nova do que ele. Então um dia, ao chegar em casa, à noite, encontrou seu companheiro morto.  Nervosa e com vergonha, resolveu simplesmente esconder o cadáver, guardar numa mala e deixar na geladeira. E isto teria acontecido em 2016, ou seja, há nada menos do que 7 anos!

Que história bizarra!

Celso saiu do RS em 2001 para dar aula numa faculdade no Mato Grosso. Depois foi para Aracaju. Há boatos que desavenças familiares, na época, o motivaram a sair do seu estado natal. Nada comprovado. Desde então, filhos e netos pediam para que ele fizesse contato. Aparentemente, sem surtir muito efeito. Essa ausência teria sido o principal motivo de, em tanto tempo, nunca ter sido denunciado o seu desaparecimento. Que é estranho, é. Mas seres humanos são assim. Cada um tem suas manias. Cada família tem seu jeito.

Um oficial de justiça foi cumprir ordem de despejo no apartamento de Lídia, a mulher que, segundo ela mesma, escondeu o corpo de Celso na geladeira. Ela ameaçou cortar os pulsos para que a ordem não fosse cumprida, mas não adiantou. E o cenário que foi encontrado foi apavorante. O apartamento era um lixão. Totalmente insalubre. Uma criança de apenas 4 anos vivia ali, sob o que se enquadra, segundo a legislação, como maus tratos. Obviamente ela não é filha de Celso, que já estava morto naquela geladeira três anos antes.

Quem é o pai da criança? Onde ele está? Ele sabia do que havia acontecido?

Será que a história de Lídia é verdadeira? Como morreu Celso? Por que tudo só vem à tona tantos anos depois, se a ocultação do cadáver nem foi tão elaborada assim? O que há por trás desse crime? Ninguém poderia ter visto nada? Não há qualquer órgão do poder público que verifique as condições de um lugar habitado por seres humanos?

Incrível é essa criança ter nascido sob essa realidade doentia e, até hoje, ter acreditado que este era o mundo normal.

Uma história bizarra que precisa ser investigada a fundo.

 

 


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