Vida que segue

Vida que segue

Leitura e arte para o verão

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      Ano que finda, ano que começa com tudo. Haverá muito para ver e ouvir em 2022. De 20 a 23 de janeiro, no Multipalco do teatro São Pedro, em homenagem ao centenário de nascimento de Brizola (22 de janeiro de 1922), o público poderá ver o espetáculo “Leonel”, com direção de Caco Coelho e roteiro de Caco e William Keffer. No papel de Brizola, em diferentes momentos da sua vida, Paulo Roberto Farias, Lisandro Pires e o plural Caco Coelho. Neusa Brizola será vivida por Marina Mendo. A atriz e cantor Camila Falcão conduzirá a trama.

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      Na AMRIGS (Av. Ipiranga, 5311) a grande atração é o Memorial da Gratidão, com obras do médico e escultor Paulo Favalli. A apresentação do projeto diz: “O Memorial da Gratidão é uma homenagem aos profissionais da saúde que trabalharam no combate à COVID-19 e aos que, infelizmente, perderam suas vidas para o vírus. A obra inédita faz parte da celebração dos 70 anos da AMRIGS. Esculpido através do método de modelagem e finalizado em bronze, o bloco com mais de 7m (7,5m de comprimento e 2,65m de altura), é composto por três painéis em alto relevo, que abordam três narrativas fundamentais da pandemia: a morte, a ciência e a cura. O artista plástico explica seu conceito: ‘A morte é inevitável e estarrecedora. Muitas vidas não puderam seguir adiante com a chegada do vírus. O painel da ciência é o que exalta a busca da solução global através da pesquisa e do conhecimento, e homenageia o cientista e o médico. E a cura é o desfecho feliz, quando o médico consegue o sucesso e a realização de salvar vidas, ainda que tenhamos que conviver com a morte’”. Arte e ciência de mãos dadas.

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      Verão, férias, tempo de boas leituras. Duas sugestões: “Esquila” (Pacartes), romance de Jonas de Espírito Santo, publicado em 2017, mas que só recebi agora numa visita a Santana do Livramento. E “Imagens invisíveis do passado” (Viseu), de Sulivan Bressan. O leitor é convidado a conhecer a história de um jornalista “com base nas anotações deixadas por seu pai em um livro sobre a vida de Fédon, um filósofo grego que, ao perder a esposa e o filho, realiza seu sonho: conhecer as sete maravilhas do Mundo Antigo”. Duas leituras para degustar sem pressa à sombra de um cinamomo ou de um guarda-sol.

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      Enquanto espero o exemplar do novo livro de Michel Houellebecq (Anéantir, aniquilar), releio “Ulisses”, de Joyce, lançado há cem anos. Houellebecq é para mim o melhor escritor do mundo em atividade. Claro que não li todos os escritores do mundo. Esse tipo de afirmação vale o que vale: a expressão de uma admiração profunda. Tudo que Michel faz dá certo, mas ele me diz em mensagem: “Espero que tu abordes o ano novo com otimismo (o que não é fácil, me dou conta...)”. Não, ele não está falando apenas do meu ano, mas do ano do mundo. A nossa amizade já alcança 25 anos, feita de breves mensagens, duas vindas dele ao Brasil por meu intermédio, uma viagem à Patagônia, jantares na casa dele na periferia de Paris e diferenças de visão de mundo que jamais nos atrapalharam. Eu me lembro de uma tarde que passamos tomando cerveja (eu bebia álcool na época) no bar do Maza, em frente à PUCRS. Ele me disse assim: estamos condenados a escrever.

 

 


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