Cem dias de governo Biden

Cem dias de governo Biden

Reformista ou revolucionário tranquilo?

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      Joe Biden chegou aos cem dias de governo. Sucesso quase absoluto. Prometeu vacinar cem milhões de norte-americanos e conseguiu mais do que o dobro: 235 milhões. Toda pessoa a partir de 16 anos pode se vacinar a qualquer momento. É só querer. Há até estímulo financeiro para isso. Em míseros cem dias os Estados Unidos reataram com a Organização Mundial da Saúde, voltaram aos Acordos de Paris sobre o clima, empacotaram planos de recuperação econômica e de ajuda aos desfavorecidos, com faculdade gratuita por dois anos, saíram da guerra do Afeganistão, reconheceram o genocídio praticado contra a população armênia pelos otomanos, entre 1915 e 1917 especialmente, renovaram compromissos com direitos humanos e vão taxar mais os mais ricos, o que é justo, racional, digno e realizável quando se quer.

      Quem se lembra de Donald Trump? Somente quem defendia privilégios para os mais aquinhoados ou quem, por extremismo ideológico ou ressentimento, preferia uma política do coice. Biden já aparece para especialistas como o “mais transformador da história americana”. Ele vem ganhando um apelido: o reformador tranquilo. Respiram bem mais aliviados os ecologistas, os defensores de políticas públicas robustas e os antinegacionistas. A ciência ganha. Biden foi ao Congresso para anunciar que não pretende parar. Quer mudar muito com sua fala serena, seus projetos de impacto e seu olhar para todos.

      De 61 promessas de campanha, Biden já cumpriu integralmente 24; 31 estão em andamento; apenas quatro ainda não saíram do papel. O grande problema está nas fronteiras. A política migratória precisa melhorar. O pacote dos cem dias de Joe Biden é um primor para a educação. O “Plano para as Famílias Americanas” vai injetar 1,8 trilhão de dólares, em dez anos, na vida das pessoas, com dois de creche gratuitas para começo de conversa. De onde virá o dinheiro: da taxação dos mais ricos. Simples assim. Não soa bonito esta ideia: universalizar o acesso gratuito à educação infantil para crianças de três a quatro anos de idade? Pode ampliar. O “dorminhoco”, como o chamava o desaparecido Donald Trump, vai aumentar o valor das bolsas dos estudantes universitários. Ah, ele também pretende apoiar a contratação de mais docentes e investir em melhor preparação.

      Quanto mais se lê, maior o espanto: elevar o acesso a planos de saúde, ampliar as licenças de remunerada, melhorar a vida das pessoas. Republicanos estão indignados. Tem um comunista na Casa Branca. Desse jeito ele vai ganhar a admiração da população e se reeleger. O jornal francês conservador “Le Figaro” observou sem melancolia: “O plano de Biden redefine fundamentalmente o papel do governo na economia. Após décadas de políticas republicanas e democráticas favorecendo o setor privado e os mercados em detrimento de um setor público considerado menos eficaz, Biden voltou a uma abordagem mais intervencionista”.

      Biden tem estado acima das expectativas de todos, inclusive dos democratas. Poucos esperavam tanta iniciativa em tão pouco tempo. Sem fazer alarde, o presidente norte-americano põe no centro da cena temas como diversidade, papel do Estado, tolerância e ciência. Nada mal.

Cem dias em que Joe Biden humilha a extrema direita mundial.

 

 


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