Entorno da Arena: a questão não é só do Grêmio

Entorno da Arena: a questão não é só do Grêmio

Vejo tanta pressão, inclusive com a intervenção do MP, porém a situação do entorno do estádio segue com impasses, mistérios e causando problemas para os moradores de vários bairros. A questão não é só do Grêmio. É de Porto Alegre.

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Em 2013, uma informação deste colunista causou furor: Fábio Koff, presidente do Grêmio na época, iria comprar a gestão da Arena, estádio inaugurado um ano antes.
Passado pouco tempo, foi aprovado um novo contrato entre Grêmio e OAS para administrar a Arena. Fábio Koff concedeu entrevista coletiva ao lado do diretor da OAS, Carlos Eduardo Barreto, e do presidente da Arena Porto-Alegrense, Eduardo Pinto. As primeiras palavras do mandatário foram de otimismo em relação ao futuro do Tricolor:
"A Arena é do Grêmio. É um sonho, uma realidade como poucos. A partir de agora, juntos, Grêmio, Arena Porto Alegrense e OAS estaremos unidos pelo estádio".
O tempo passou. Nesta semana perguntei ao presidente Romildo Bolzan como estavam as negociações. Seguia “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.
As negociações emperravam na OAS.
Eme março de 2016 foi lançado o livro “Fábio André Koff-Memórias e Confidências” com depoimentos a Paulo Flávio Ledur e Paulo Silvestre Ledur pela editora AGE. Koff:
“Com o dinheiro da Caixa, do BNDES e de debêntures emitidas depois, a OAS fez o estádio sem tirar um tostão do bolso.
A Caixa é dona de 80% desses empreendimentos que estão surgindo na volta da Arena. Por isso, quando se voltou a negociar, a Caixa foi colocada no jogo, porque era parte interessada.
Como a OAS está em recuperação judicial, uma das premissas do Grêmio nessa negociação é que a compra da Arena tem que ser aprovada na assembleia dos credores da OAS, porque, se os credores aprovam, o Grêmio fica livre de sucessão.
Mas se isso não ocorrer, eles terão que achar outra forma. Os oito envolvidos já concordaram, mas ainda não assinaram. 
Sobre os envolvidos: “Grêmio, OAS, Santander, Banco do Brasil e Banrisul, que são os repassadores; Bradesco, que deu uma carta-fiança para honrar os pagamentos da OAS; BNDES, que repassou o dinheiro desse empréstimo; e Caixa Econômica Federal, que no passado pagou 300 milhões de reais à OAS para entrar em todo o projeto. A caixa comprara 80% das ações da Karagonis, que pertencia à OAS, isso em 2009.”
O acordo para a aquisição da gestão da Arena pelo Grêmio deveria ter sido sacramentado em 7 de outubro do ano passado. Já em 2021, Bolzan afirmava: “Vejo essa situação com muita dificuldade em prosperar por conta dos entraves que foram colocados no decorrer do processo”.
Conheço o imbróglio, mas sou leigo em questões contratuais. Como leigo, fico espantado.
Vejo tanta pressão, inclusive com a intervenção do MP, porém a situação do entorno do estádio segue com impasses, mistérios e causando problemas para os moradores de vários bairros.
A questão não é só do Grêmio.
É de Porto Alegre.


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