Grandes clubes, filhos de uma pátria mãe gentil

Grandes clubes, filhos de uma pátria mãe gentil

Os clubes de futebol e o governo vivem uma relação afrontosa quando se confronta a mesma relação do governo com o cidadão e as empresas

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Divulgado nesta semana,"o relatório XP: finanças, história e mercado do futebol brasileiro" apontou que 2021 fechou com os maiores clubes brasileiro devendo R$ 9,2 bilhões.
Segundo outro levantamento, o da EY, publicado recentemente, os 25 principais times brasileiros somaram um endividamento líquido total de R$ 10,14 bilhões em 2021. Os mais endividados foram o Atlético-MG (R$ 1,3 bilhão), o Cruzeiro (R$ 1 bilhão) e o Corinthians (R$ 928 milhões).

Essa dívida era de R$ 3,1 bilhões em 2009 segundo a consultora Crowe Horwath RSC.
Mesmo assim, a gastança segue. Trecho do relatório da Pluri Consultoria
“A despesa dos principais clubes brasileiros cresceu 221% nos últimos 10 anos (2019 vs. 2010), quase o triplo da inflação oficial (IPCA) acumulada para o mesmo período (76,31%).

Já nos últimos cinco anos, o crescimento foi de 87%, bem acima dos 31,06% da inflação acumulada. Apesar do crescimento das receitas nos últimos 10 anos, o crescimento das despesas impediu que os clubes brasileiros diminuíssem significativamente as suas dívidas. O crescimento anual de 29% das despesas com o futebol foi o maior dos últimos 10 anos. A recorrente urgência para construir superelencos novamente impediu que os clubes equilibrassem suas finanças.”

Segue atual coluna escrita vai muito tempo.

“Os clubes de futebol e o governo vivem uma relação afrontosa quando se confronta a mesma relação do governo com o cidadão e as empresas.
Os clubes devem, não negam, não pagam e, embora beneficiados com seguidos refinanciamentos das dívidas, continuam inadimplentes.
O colunista Hélio Schwartsman escreveu um artigo para a Folha com o título “Que quebrem!”

“Se há um setor que já deu repetidas e rematadas provas de sua incapacidade gerencial, é o dos times de futebol. É improvável que a jura de fidelidade a meia dúzia de regras de bom senso administrativo altere a natureza do negócio. 

Acho que já é hora de tentar algo mais radical, que seria executar as dívidas e provocar a falência de quem for inviável. É verdade que, no plano imediato, haveria alguma confusão no meio de campo. O torcedor dos grandes clubes, porém, não corre muito risco de ver seu time do coração desaparecer. Estamos, afinal, falando de marcas com elevado valor de mercado, do que dá prova o volume financeiro movimentado com os direitos de transmissão dos principais campeonatos.

No cenário mais verossímil, elas seriam vendidas para saldar as dívidas e, presume-se, passariam a ser administradas de forma mais profissional e lucrativa, como já ocorre em alguns lugares do mundo.”

Enquanto devem, não negam e não pagam, os clubes continuam bancando salários que em alguns casos batem no R$ 1 milhão/mês.

 

 


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