Mudei radicalmente de opinião

Mudei radicalmente de opinião

Em 2010, diante da aprovação de um aumento de 25% nos valores das mensalidades do quadro social do clube, e do berro dos sócios, escrevi...

Clubes estão eternamente apertados pela falta de grana e pela obrigação de montarem times

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O Conselho Deliberativo do Inter iria colocar em pauta nesta segunda-feira um aumento de 26% na mensalidades dos sócios. Iria, porque diante do berro, o assunto será debatido. Uma das justificativas é de que clube não reajusta o valor desde 2018. Num bom período entre 2020 e 2021 o Beira-Rio fechou seus portões em razão da pandemia. Mais de 80 mil sócios mantiveram em dia as mensalidades sem retorno.

A proposta de aumento chega logo depois de uma greve dos jogadores por três meses de direito de imagem atrasados. Em 2010, diante da aprovação de um aumento de 25% nos valores das mensalidades do quadro social do clube, e do berro dos sócios, escrevi.

“Já falei sobre os demagogos. Disse pouco, quase nada, e retomo o assunto. Para um demagogo, o ingresso para o futebol deveria ser gratuito. Obviamente, ele não diz como colocar 500 mil pessoas em estádios onde cabem 50 mil. Vejam: o problema para o demagogo nasce resolvido. O Inter aumentou a mensalidade do sócio de R$ 30,00 para R$ 45,00. Alguém dirá não ser possuidor de tal quantia. Para este eu diria, estupidamente, se assim você pretender: guarde para o feijão-com-arroz, para o leitinho das crianças. Faz falta. Sim, pois esse alguém será o primeiro a cuspir fogo se o Inter não bancar um timaço, não for bi da América e do mundo. Bom futebol é artigo de luxo, e luxo custa muita grana.”

Passado um tempo, diante de outra proposta de aumento, mudei radicalmente de opinião. “Cometi o grave pecado do elitismo e faço o mea-culpa. Deveria ter ponderado na época que o Inter deveria encontrar uma solução para aqueles que não dispunham de R$ 45,00. Mantenho o trecho que diz “bom futebol é artigo de luxo, e luxo custa muita grana.” A gestão Medeiros criou uma modalidade de associação popular denominada Academia do Povo.

Custa R$ 10,00 por mês. Não sofreu reajuste. Medeiros e seus pares foram mais sensatos do que este colunista há oito anos. Quem guarda dinheiro para o feijão-com-arroz, para o leitinho das crianças, também têm direito a ir ao estádio. Ainda mais se este é do Clube do Povo.

A categoria “nada vai nos separar” passará de R$ 20,00 para R$ 25,00. É o preço de um cafezinho no shopping.  O aumento mais salgado, o do “sócio colorado/corporativo”, passará de R$ 100,00 para R$ 125,00. O custo de um almoço.

Diz o provérbio que “cada um sabe onde o sapato lhe aperta”. Os clubes estão eternamente apertados pela falta de grana e pela obrigação de montarem times protagonistas. O Brasileiro por pontos corridos, por exemplo, jamais conhecerá um campeão que não esteja no topo da folha salarial.”


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