O dia em que Koff peitou e levou

O dia em que Koff peitou e levou

Estou adorando relembrar trechos da entrevista com Fábio Koff

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Estou adorando relembrar trechos da entrevista com Fábio Koff publicada no Correio do Povo em 13 de agosto de 2017. Foram quatro horas de conversa com este colunista e com o editor Carlos Corrêa.
É uma forma de matar a saudades do querido amigo, um dos maiores dirigentes de futebol que este país já viu e verá.  Segue a parte em que ele fala de um impasse no Japão.
“Nós saímos com o Grêmio aqui do Brasil para jogar com o Ajax com as passagens emitidas pela Confederação Sul-Americana de Futebol sem que eu ainda tivesse assinado o contrato. 
Aí três dias antes do jogo, fui convidado a participar de um jantar com os executivos da Toyota e levei a Ivone (esposa da Koff) comigo. 
Fomos a um restaurante finíssimo em que o balcão era uma chapa de metal e fritava o bife ali mesmo. Um ambiente fino, uns rapazes educadíssimos. Logo depois que se iniciou o almoço, eu disse: ‘Olha, vou esclarecer uma coisa para vocês. Se o Grêmio não receber a cota que vocês acertaram com o Ajax, eu não assino o contrato. Se isso é uma reunião para eu assinar o contrato, não vou assinar sem receber a mesma cota’. 
Começaram com não sei o que, e eu aí disse que não ia entrar em campo. ‘Ah, mas o senhor já está aqui’, me disseram. ‘Não interessa, o Grêmio volta para Porto Alegre, não entra em campo’, respondi. E a Ivone me cutucava por baixo da mesa, preocupada porque eu já estava sendo um pouco áspero com os caras, eram uns guris. Tinha dado um tapa na mesa dizendo que íamos voltar. Ficou nisso, mudaram de assunto, aí levantei para ir embora e então um deles se levantou e perguntou: ‘Como é que ficamos, presidente?’. ‘Ficamos com a cota do Ajax, senão não entramos em campo. É bom vocês verem isso aí’, disse. \]
O Ajax já havia assinado o contrato, nós ainda não. Aí, dois dias antes do jogo, tem o evento de lançamento da Copa Toyota lá. Estava o presidente do Ajax. Eu me perguntava o que ele tinha que nós não para ganharem mais, além de troca de gentilezas, de presentes. 
Aí eu saio da sala e vem o Nicolás Leoz (presidente da Conmebol) e o Ricardo Teixeira (presidente da CBF) juntos, os dois. O Leoz me segura pela manga do casaco e diz assim: ‘A cota é a do Ajax e a Sul-Americana tem mais 10%’. Falei que o Grêmio que queria receber esse dinheiro. E disse que não ia entrar em campo. O Teixeira ainda tentou: ‘Não faça isso’. Era nossa convicção, não íamos entrar em campo, ia ser o maior fiasco do mundo. 
No final, eles aumentaram e pagaram. E essa diferença serviu para manter o Felipão para o outro ano. A cota que eles queriam pagar ao Grêmio era de 370 mil dólares e foi de 550 mil dólares. Eu havia descoberto essa diferença porque havia falado com o São Paulo, que havia sido bicampeão mundial lá e sempre recebeu um toco de cota.”


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