As Ligas, Grêmio, Inter e a previsão de Alexandre Barcellos

As Ligas, Grêmio, Inter e a previsão de Alexandre Barcellos

Globo fez uma oferta de R$ 1,1 bilhão pelos direitos de transmissão do Brasileiro dos clubes da Libra. O Fundo da XP (da Liga Forte Futebol) captou apenas metade da meta do dinheiro estipulada.

Hiltor Mombach

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São duas informações.
A primeira.
A Globo fez uma oferta de R$ 1,1 bilhão pelos direitos de transmissão do Brasileiro dos clubes da Libra.
A oferta valeria pelos direitos do Brasileiro a partir de 2025.
A Libra é formada por nove times da Série A atualmente: Flamengo, Corinthians, Santos, São Paulo, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Grêmio, Atlético-MG e Bahia. Há ainda outras oito equipes das Séries B e C.
A segunda. 
O Fundo da XP (da Liga Forte Futebol) captou apenas metade da meta do dinheiro estipulada. 
Conseguiu R$ 405 milhões, uma parte fornecido por pessoas ou entidades ligadas ao próprio fundo. 
A meta era R$ 800 milhões.
A Liga Forte Futebol é um bloco de times que inclui Fluminense, Athletico, Internacional, Fortaleza, e tem ainda como aliados Vasco, Botafogo e Cruzeiro.
Vale trancrever a posição de Alexandre Barcellos.
Alexandre foi vice-presidente da gestão Medeiros.
Ele cantou a pedra.
"Na noite de hoje, o Conselho Deliberativo do SC Internacional decidirá o futuro do Clube pelos próximos 50 anos.
Após intensos debates, criação de Comissão Especial para tratar do tema, apresentação perante os Conselheiros das proposições de ambos os blocos, chegou o dia de decidirmos entre Liga Forte Futebol e LIBRA.
De minha parte, por uma contingência da vida, no mandato do Presidente Marcelo Medeiros, por delegação do Conselho de Gestão à época, fui indicado para negociar a rescisão do contrato do Internacional com a Turner e propiciar o retorno das transmissões do Clube para a Rede Globo. Esse episódio, um dos mais desgastantes da nossa Gestão, continha como negociadores em nome da Turner os mesmos “atores” que hoje representam a Liga Forte Futebol (a empresa LiveMode possui em seu quadro social os ex-dirigentes da Turner) e naquela época, não custa lembrar, o movimento que “criou” a insurreição contra Globo tinha como premissa básica uma distribuição mais igualitária das receitas entre os clubes que aderissem a esse novo bloco que surgia para revolucionar o mercado de transmissões de futebol e gerar um maior equilíbrio entre todos os participantes do Campeonato Brasileiro.
Quando estávamos muito perto de concluir essa negociação que garantiria ao Internacional a retomada dos seus direitos junto a Turner, descobrimos que havia um contrato que jamais havia sido exibido; o Palmeiras que havia entrado nesse novo sistema, supostamente igualitário, recebeu luvas, à revelia dos outros seis Clubes, na ordem de 100 milhões de reais.

Hoje o que se vê na Liga Forte Futebol não destoa. Já há movimentações que permitirão negociações paralelas e que violam as premissas básicas da igualdade, basta verificar que os Clubes SAF’s já criaram um bloco apartado para negociar com a LFF, obtendo vantagens que aqueles que lá dentro estão não terão (por exemplo, venderão as placas de publicidade em negociações individuais e já negociam percentuais menores na primeira alienação).

Mas o mais grave não é isso. O que choca é que muitos que estão aderindo a essa linha argumentativa não constatam é o nome do pressuposto da distribuição igualitária: DINHEIRO.

Para “fechar a conta” da distribuição igualitária, há um pressuposto básico para que isso ocorra: a anuência daqueles que detém o privilégio de ganhar mais e esse debate somente está a ocorrer na LIBRA, bloco onde estão sediados os clubes com maior audiência e torcida do Brasil (lá já se reduziu para 3,3 a diferença entre o Campeão e o último colocado da competição; hoje gira em torno de 6,5 vezes).

De nada adiantará criar um modelo mais equitativo na distribuição da renda, se aqueles que detém algum privilégio deste acordo não participarem. Isto é o que ocorre e vai continuar ocorrendo na Liga Forte. O dinheiro será muito menor (a estimativa é de cerca de 25 a 30% do “bolo” total).

E qual o motivo que levará isto a ocorrer?
É fácil perceber, hoje há menos dinheiro na mesa de negociação, pelo momentâneo enfraquecimento do “apetite” da Globo (e ela continua sendo o principal player do mercado); havendo menos dinheiro e hoje se imagina algo em torno de 1,8 bilhões de reais da Globo, por óbvio que ela destinará no mínimo 70% para o bloco que contenha Flamengo e todos os Clubes de São Paulo (isso sem citar os demais), pois apenas aí já se abarca quase 65% da audiência que a ela interessa para vender suas publicidades e preencher sua grade (atentem que a Globo precisa de dois jogos para aberta e dois para fechada para atender sua demanda fixa). }
Com a LIBRA ela já cumpre a sua entrega aos patrocinadores. Os demais players (streamings) que ingressarem no ecossistema também tem interesse no lucro gerado pela audiência e por isso os valores obviamente serão muito diferentes, fato que não será minimizado pela nova Lei do Mandante (vejam que aqui sequer se analisa a capacidade econômica do fundo Mubadalla x Serengeti).

Assim, tenho certeza em afirmar que novamente criaremos um abismo inimaginável com nosso tradicional adversário, antes por nós resolvido (com muitas perdas – estimo o episódio Turner em relação ao coirmão em uma diferença de pelo menos 150 milhões de reais, em dois anos). Imaginem esse cenário agora em um contrato de 50 anos...

Por isso, o apelo para a noite de hoje: não vamos colocar o Internacional em uma nova aventura. Dessa vez, o Clube não suportará.

Alexanxandre Barcellos


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