Racismo: "Faltam interesse e vontade política para resolver esse problema"
No Congresso Nacional, o deputado Alceu Moreira tenta emplacar uma proposta de medidas punitivas desde 2014.
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Mesmo com as sucessivas ocorrências de racismo pelos estádios do país, medidas punitivas para tais práticas seguem completamente empacadas.
No Congresso Nacional, o deputado Alceu Moreira tenta emplacar uma proposta desde 2014.
O texto prevê a proibição de cinco anos sem acesso a estádios, ginásios e outras instalações esportivas para torcedores que cometerem crimes de injúria racial.
No caso de estrangeiro, a proposta sugere a extradição do torcedor, que fica proibido de retornar ao Brasil pelo mesmo período.
Hiltor: Lá se vão quase 10 anos e nada. Como explicar tanta demora na aprovação? Há resistência? De quem?
Alceu: Faltam interesse e vontade política para resolver esse problema de forma prática.
Desde que apresentei esse projeto no Congresso, vimos diversos casos que se tornaram reincidentes justamente pela ausência de punição adequada ou proporcional a um delito racial. Impunidade e tratamento brando para essas situações é uma carta branca para que racistas continuem praticando seus crimes de injúria.
Hiltor: Quais as punições previstas?
Alceu: O texto estabelece que torcedores racistas sejam proibidos de acessar estádios e eventos esportivos em todo o país pelo período de cinco anos.
No caso de estrangeiros, a extradição do país pelo mesmo período de cinco anos.
O texto ainda prevê multa e até prisão dependendo da gravidade do caso.
Afinal, só vamos dar o exemplo punindo rigorosamente.
Hiltor: Como está o andamento do projeto?
Alceu: O projeto tramita na CCJ e estamos buscando um relator desde a retomada do mandato atual, em fevereiro. Evidentemente, casos como o do Vinícius Júnior e do goleiro Caíque (do Ypiranga) sensibilizam e são oportunos para que esse debate não só seja suscitado como desperte o interesse da classe política. Também vamos fazer a nossa parte e mobilizar para que o projeto tenha a relatoria definida ainda nesta semana. O Congresso precisa ser resolutivo.