Problema crônico

Problema crônico

Alina Souza

Av. Farrapos, zona norte de Porto Alegre.

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A equipe de limpeza urbana trabalha arduamente e, instantes depois, ressurgem sacolas rasgadas de lixo em terrenos baldios e calçadas, escancarando uma sujeira crônica, uma chaga difícil de sanar. Moro ao lado de uma área verde e observo a dinâmica da enfermidade. Pessoas veem o local como ponto de referência para o descarte — irregular — de resíduos. O aspecto irregular parece detalhe, tamanho despudor da atitude. Já vi homens descerem de veículo de alto padrão e deixarem ali, à vista de todos, objetos em desuso. Na sequência, catadores remexem nestas pilhas de rejeitos, a procura de materiais recicláveis mais fáceis de vender, seja para sobreviver, seja para sustentar o vício em drogas. Fato é que a pobreza cresce, o desalento também. Falta comida, faltam sonhos, falta educação — e sobra lixo. Por todos os lados. Vários fatores intervêm nesta infecção que ora melhora, ora retorna mais dolorida. O poder público até limpa feridas, mas o problema permanece latente, debaixo da montanha de detritos, no conjunto sociedade.


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