Proteção

Proteção

Alina Souza

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Ainda temos muito inverno pela frente. Nessas horas, percebemos o amparo de um agasalho. Não se trata de luxo, capricho. Um tecido grosso equivale a um escudo, a uma proteção. E há tanta gente desprotegida, enquanto alguns armários transbordam roupas. Já falei muitas vezes sobre a importância da doação, e seguirei falando: a cada nova fase é possível se desapegar de mais peças, promover aconchego às pessoas que lidam com a escassez. Entendo que, no ato de remexer no fundo do roupeiro, topamos com um blusão ou casaco que desperta memórias das quais não queremos desgrudar. Tudo bem guardar algo histórico. Mas é preciso reter tantas histórias a ponto de envergar prateleiras? Por que não dar a chance de tais vestimentas voltarem à ativa, estarem presentes nos instantes de outro alguém? Se embalam lembranças felizes, temos mais um motivo para passá-las adiante. A felicidade não quer mofar dentro de gaveta, pendurada em um cabide ou adormecida no interior de um baú. A felicidade deseja ser estendida aos diversos tipos de vida, assim como se estende um macio e gigante cobertor.


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