Descobertas

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Alina Souza

Passeio na Praça da Matriz

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Com frequência eu pouso os olhos na infância, a infância que a tudo vê, quer tocar, sentir, deixar-se levar. O mundo se estende, até mesmo o dia fica maior. A criança guarda o desejo de ir longe, mas não sozinha. A mão que orienta há de estar junto, sobretudo a voz que pronuncia “sim, é possível, você é capaz”. Assim o pequeno ser logo se tornará grande em suas metas e ideais. Inspirará pessoas ao redor, como a fotógrafa apressada que, entre um compromisso e outro, tenta dilatar o instante, permitir que os pensamentos passeiem sob o sol que convida, convoca, salva. Depois de momentos úmidos, a vida rastreia claridade, ávida pelo vínculo acolhedor e pelo sorriso ensolarado. É preciso aproveitar a infância que se atravessa diante das vistas e revela o encantamento que tantas vezes nos falta. Não que tenhamos perdido-o. Não. Ele tende a ficar na sombra das necessidades consideradas úteis, imediatas. Até que uma frase do tipo “olha que legal, mãe” acorda a inquietude. Rompe o automatismo. Sim, sou capaz. Somos. Capazes de guiar o tempo e não aceitar que ele nos aprisione.


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