Prioridades

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Alina Souza

Namorar o nascer do dia.

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Divago sobre a palavra “enamoramento” que, a mim, importa mais que ter um namorado. Importa como base, sustentação. Antes de tudo: enamorar-me pela vida, pelo que sou e posso ser. Presentear-me com escolhas em sintonia com valores interiores. Defender as fronteiras íntimas para que estranhos não as derrubem sem meu consentimento. Antes de tudo: determinar fronteiras e aberturas. Namorar o dia que nasce, as cores no céu, a riqueza dos olhares, as paisagens. Ao apreciar cada pedaço de existência, o amor de fora encontra o amor de dentro e as histórias fluem. Com uma dose de complexidade, mas fluem. Soltas, como rios que desaguam na imensidão. Sujeitas a falhas e equívocos. Aquele ditado “persistir no erro é burrice” precisa sair de cena. Erramos várias vezes e não somos menos por isso. Talvez devêssemos interromper a saga de querermos acertar o tempo todo. O certo é algo impreciso. Amar é perdoar a si, não temer a natural vulnerabilidade diante dos outros. Diante dos ventos intensos, a construção pode até tremer, mas aguenta forte quando mantém firmes os alicerces, a autoestima, o autoconhecimento.


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