Páscoa

Páscoa

Alina Souza

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Mãos ágeis trançam os fios de taquara. Em poucos minutos, as cestas de Páscoa estão prontas para acolher símbolos da data comemorativa. Coloridas, vívidas, ajudam a desacelerar a multidão da Rua da Praia. Ovos de chocolate, coelhinhos? Isso tudo é pretexto para falar de amor. A semana que antecede o feriado transforma o centro de Porto Alegre. A Esquina Democrática enfim consegue fazer jus ao nome: repleta de famílias de índios artesãos. Os filhos menores, acostumados com pés descalços, deparam-se com o mundo dos ternos e gravatas. A alegria culmina no domingo, quando não só as taquaras estão entrelaçadas, como também todos nós estamos dispostos a entrelaçar. Sentir a teia que cimenta a sociedade. Cuidar para que os pontos não se percam, descosturem, sob pena de comprometer toda a cesta. Melhor seria se não existissem bombas, armas químicas, muros. Apenas a vontade de nos atar uns aos outros e, no interior, abrigar os doces sabores da luta pacífica.


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