Enfeite

Enfeite

Alina Souza

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Natal acima de tudo. Acima de todas as diferenças. Alguns comemoram com mesa farta e sofisticada decoração. Outros aprendem a se contentar com o básico no prato e singelos enfeites na casa de madeira. O desejo de enfeitar a vida é o que predomina e nos aproxima. A intenção de tratá-la com capricho, de apreciá-la em sua essência, pelo menos nesta data especial. Queremos o encanto, o brilho, algo que dissolva a realidade fosca. Tal qual uma guirlanda em um casebre: uma delicadeza em meio a robustez da miséria. Mais que um adereço, um manifesto por festa, celebração. Um indício de resistência. Uma maneira de dizer que nada está entregue, mesmo quando o entorno se revela frágil, vulnerável. A força vigora ali dentro, alicerçada na humildade de valorizar o presente, seja com ou sem luxo. A humildade ensina que a beleza vai muito além da purpurina. A beleza mora nos recantos onde, apesar das dificuldades, sempre há espaço para entrever a luz. Lugares onde se cultivam sonhos, perspectivas e, no fundo, a certeza que uma hora se ouvirá um ansioso toque-toque à porta: será a prosperidade querendo entrar.


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