Ideias enredadas

Ideias enredadas

Alina Souza

67ª Feira do Livro de Porto Alegre.

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Os livros voltaram à Praça da Alfândega. Os livros e as pessoas interessadas neles. A esperança volta a triunfar na primeira página. Nítida e potente, mesmo depois de tanto tempo guardada, mesmo com a luz fraca. Encontrar gente desejosa de leitura me devolve profundidade. As ideias — então reconheço — não são apenas fios soltos que se enredam no ir e vir automático. Paro de puni-las, por instantes. É melhor tê-las por perto, ainda que interrompam a lista de afazeres, compromissos, contratos. Ao ver alguém debruçado nas entrelinhas, reconheço que não estou só. A Feira do Livro de Porto Alegre me consola. Ora, não é errado pensar demais. No caminho para o trabalho, atravesso o seu espaço e, por ela, sinto-me atravessada. Não só pelas palavras em si, mas por todas as possibilidades que elas abrem. Sinto a venda retirada dos olhos, a consciência dos passos, o resgate do sentido de existir. Ao estender o braço para alcançar uma obra, abraço um novo mundo, onde cada sujeito pesquisa suas questões fundamentais e todos escrevem o enredo juntos.


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