Adrenalina

Adrenalina

Alina Souza

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Temos nossas quedas. Ainda bem, elas revelam o desejo de saltar. Manobras de sucesso até podem acontecer no primeiro instante, mas, nesse caso, dependem apenas da sorte. E a sorte, apesar de todo seu brilho, não apresenta garantias, tampouco consistência. Assim como aparece repentina, some sem dar explicações. Melhor contar com o esforço, o treino, os joelhos roxos. Às vezes, a ferramenta escapa das mãos  ou dos pés e ficamos em pleno ar, em segundos de desespero e ousadia, cara a cara com o medo. E o medo de cair, ainda bem, revela a vontade de equilíbrio, de um certo domínio sobre a instabilidade. No momento do desprendimento, percebemos o quão atados queremos estar aos fios invisíveis da existência. Suspensos no espaço rarefeito entre erros e acertos, sentimos o disparo do pulso, a coragem de romper a cela que nos conforta. Arrepio. Desafio. Voltamos ao solo com mais fôlego, atravessados pela adrenalina das tentativas.


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