Bastidores

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Alina Souza

Equipe da Cootravipa na limpeza do Paço Municipal.

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No cotidiano do jornalismo, frequentemente somos pautados pelas agendas das autoridades políticas e percorremos lugares impregnados de fatos históricos. De vez em quando o meu olhar escapa da robustez e se detém nas cenas por muitos consideradas banais — no lado oposto dos flashes e holofotes, mas ainda dentro das sedes dos poderes. Fui ao Paço Municipal de Porto Alegre para cobrir um evento e, em meio ao breve frenesi de convidados subindo as escadarias, observei um trabalhador da Cootravipa que varria com capricho o tapete vermelho. Pensei na autêntica beleza do ser humano que, assim como limpa degrau por degrau, vive um dia de cada vez sem a sufocante perspectiva de ser noticiado. Aprecio a dignidade que dispensa discursos, a existência não corrompida por vaidades. Eles têm consciência que seus ofícios são fundamentais, ainda mais em tempos pandêmicos nos quais a limpeza assumiu prerrogativa máxima. Dá gosto enxergar a simplicidade entre a profusão de ternos e gravatas, o desejo de eliminar todos os tipos de sujeira (leia-se em um sentido amplo) nestes espaços de memória atravessados pelos anseios do povo.


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