Antes do curto-circuito

Antes do curto-circuito

Alina Souza

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Sob a superfície, temos sistemas carregados de corrente elétrica. Quando a atividade é intensa, não raro se desprendem centelhas.

Amor é energia que se desloca pelo circuito e deixa polos conectados. Conforme o tempo passa e a conexão se mantém, a memória lota de vivências positivas e outras nem tanto — faz parte. Assim evoluímos, efetuamos trocas de peças, buscamos flexibilidade no disco rígido.

Às vezes, as incompatibilidades que jamais imaginávamos vêm à tona. Elas tendem a provocar mau-contato. Tentamos alguns ajustes, inclusive o desligamento por instantes. Talvez a maresia dos olhos ou a poeira acumulada em algum canto causem danos ao pleno funcionamento da realidade desejada.

O amor permanece como condutor, mas a estabilidade depende também de outros mecanismos. As defesas arraigadas são como materiais isolantes: impedem a passagem de empatia e compreensão entre os lados. E a dor do desgaste é quase insustentável. Resta a decisão de baixar a voltagem, excluir os pensamentos programados, abrir o sistema para uma corajosa reconfiguração.


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