Lugar de todos
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Porto Alegre tomada de contrastes. Não foge à linha das paisagens urbanas premidas pela desigualdade que percorre muito além dos mapas, das ruas, becos, travessas, avenidas. Muito além das vistas.
Espaço já sem espaço vago, à procura vertiginosa de se expandir. Vidas empilhadas, detidas pelo alcance dos metros, tanto nos retângulos de concreto das regiões centrais, quanto em moradias improvisadas nas encostas de morros e margens de rios. Em praças, terminais de ônibus, sob pontes, viadutos e marquises encontram-se os moradores de casas sem paredes, cortinas, filtros. São inúmeras realidades neste quadro de traços amontoados, constantemente retocado como se o cotidiano fosse um pintor ávido para preencher a totalidade dos pontos com diversas tintas.
Do alto de um morro no bairro Partenon, é possível ver que, apesar das várias camadas, todos estão lado a lado. Em comum está o desejo de construir um abrigo contra instabilidades, demarcar um recanto onde se possa dormir e acordar com indícios, ainda que débeis, de esperança. No fundo dos diferentes cômodos e corpos, vigora o sonho coletivo da busca de um lugar que escape das sombras.