Silêncio

Silêncio

Alina Souza

Reflexão.

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Manhã fria desperta. Corpos carregados de sono e sonhos preenchem as ruas, passos seguem a rota prescrita na rotina, devaneios descansam sozinhos em alguns cantos. Tantas cores e, às vezes, todas parecem combinações de cinza. Em meio às lojas com portas fechadas, um homem pensa na vida e suas margens. Ou apenas lembra de uma canção antiga, de uma palavra inquietante. Profundidade que contrasta com o fugaz olhar daqueles que precisam seguir o caminho, mirar a próxima esquina antes que os ponteiros do relógio avancem e sabotem as metas de um grande dia. Talvez o homem imagine que a solidão é apenas sua e, por isso, se encolha, tomado de frio, medo e vergonha. Mas estamos dissolvidos, entrelaçados, a busca demasiada por sucesso e visibilidade, no fundo, disfarça dores e machucados. Os sons dos sapatos, motor dos carros, aparelhos celulares encobrem o silêncio e, quando finalmente conseguimos escutá-lo, descobrimos um mundo atrativo; por dentro, solitário.

 

 

 

 


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