Expansão

Expansão

Alina Souza

Praça Raymundo Scherer, bairro Jardim Botânico, Porto Alegre.

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Aos poucos, uma trêmula retomada. Afoitos, os passos percorrem as ruas como se tudo tivesse mudado de lugar. Os dias de confinamento aumentaram a vontade de sentir o mundo e questionar o absoluto. Entre a redescoberta e o desejo, mora o medo, a apreensão. Uma luz brilha atrás dos galhos, mas ainda difusa, incerta, ilumina o instante e nada mais. Talvez as bandeirinhas na Praça Raymundo Scherer, no bairro Jardim Botânico, na capital, já estivessem lá no período anterior à pandemia. Porém, eu vivia ocupada em cumprir tarefas e voltar para casa. Só agora tais enfeites assumiram um significado amplo para mim. É possível entrever a presença das pessoas através de manifestos, vestígios. Por trás do cordão decorativo pendurado às árvores de um espaço público, há outro barbante mais forte e resistente: o elo humano. O engajamento coletivo. Um fio que se estende para além do peso e do pesadelo, da palavra seca e da perda. Não indica onde termina nem onde começa, um fio que nos enrosca e nos liberta. 

 

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