Urgente

Urgente

Alina Souza

Parque Marinha do Brasil.

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A manhã parecia límpida e plácida, como todas as manhãs de verão. Eu estava no Parque Marinha do Brasil. Uma garça voou e pousou diante de minha câmera, claramente quis tornar-se foco da fotografia. Por um instante nos conectamos, ficamos bem perto uma da outra, alegres e satisfeitas, até que meus olhos discorreram ao redor e sacolas plásticas quebraram a composição. A realidade despontou, trouxe à tona os resíduos do descaso, do egoísmo que cega e dilacera. Atirada naquele lago também estava a consciência ambiental. Talvez até asfixiada pela química dos elementos que demoram anos para se decompor. Mas, em contraposição, eles podem findar a trajetória de delicados animais de forma rápida e sucessiva. Pensei em aconselhar a ave a voar longe, fugir da aldeia dos imprudentes seres humanos. Peraí, quem invadiu o espaço verde com as sequelas impuras da urbanização foi o homem. Ora, nós é que teríamos de nos retirar! Ou ainda é possível a simbiose, o respeito, o carinho à terra, às águas, à vida? Ainda é possível o futuro, a preservação?

Texto e fotos: Alina Souza


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