Realista

Realista

Alina Souza

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Mais um novo ciclo pede passagem. Carregado de desejos, quer afastar as nuvens, dourar as águas, dominar a areia, alcançar nossos passos. Depois de uma noite densa, ele desponta veemente com a luz implacável, capaz de despertar quem se esconde atrás das justificativas, dos discursos repetidos, da insatisfação. Para permanecer forte tal qual o amanhecer, ele secretamente revela suas preferências. Não gosta de encontrar resíduos amontoados em meio ao caminho. Confiante, o ano prestes a nascer solicita: Eliminar tudo o que pesa e já não faz mais sentido, ou reciclar aquilo que merece uma renovada atenção. É preciso deixar o percurso livre para que se desloque habilmente a torrente das realizações. Concordo, mas pergunto-lhe se não estamos criando demasiadas expectativas. Por um segundo, ele baixa os olhos, poupa a gravidade dos raios, reconhece que também precisa ser humilde, pronto para lidar com o incalculável que afoga, acorda, ensina o poder de uma vida solta, desmedida.

Texto e fotos: Alina Souza


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