Os desafios do Turismo em 2021: "As exigências sanitárias vieram para ficar"

Os desafios do Turismo em 2021: "As exigências sanitárias vieram para ficar"

Especialistas analisam como superar no próximo ano as dificuldades nas áreas mais atingidas pela pandemia em 2020

Gabriel Guedes

Lúcia Bentz, presidente da regional gaúcha da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-RS)

publicidade

Depois de um começo de ano amargo, o setor de viagens e turismo encerra o ano demonstrando resiliência. A presidente da regional gaúcha da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-RS), Lúcia Bentz, diz que o setor seguiu atuando na pandemia, auxiliando e facilitando as coisas para o viajante. Ela acredita que a pandemia fortaleceu os destinos regionais, mas acredita que o brasileiro vai voltar a viajar mais e para longe em 2021.

O setor começa 2021 com mais pessoas viajando? 

A expectativa que nós temos é de uma breve retomada, de um aproveitamento do turismo nacional inicialmente, que tem uma demanda bem boa de procura. As pessoas estão com esta demanda reprimida da viagem e estão vendo, que com os devidos cuidados sanitários e comportamentais, é possível e é seguro, sim, viajar, e contar com toda segurança e requisitos desde a parte aérea, hoteleira e transfer, bem adaptados. Então temos uma expectativa bem boa, assim, para esta retomada inicial.

Acredito que vocês estejam esperando uma retomada maior no segundo semestre do ano quem... 

Na verdade não. Já estamos com um bom percentual de procura, de orçamentos e fechamentos de renda, já para janeiro e fevereiro, sim. Claro, que o aquecimento mesmo vai depender de todo comportamento saúde mundial e regional e estado. Cada estado, por exemplo, falando de Brasil, vai se adequando. Por isso a gente tem que sempre se informar muito bem de tudo que precisa, e quais as bandeiras, as estruturas que estão funcionando no destino escolhido. O negócio é estar sempre bem informado com seu agente de viagem.

A demanda maior pelo turismo interno depende bastante do fim das restrições impostas em outros países? 

Primeiramente, esta demanda, esta procura, está sendo a nível Brasil, até pelas restrições de fronteira de outros países, que estão fechadas. Então, procura a gente tem, tanto para o turismo nacional e internacional, existem vários destinos que estão abertos, como Turquia, Dubai, Maldivas. Existem destinos internacionais que estão recebendo brasileiros. O Chile parece que também não vai mais exigir quarentena de 14 dias na chegada ao País. Então, a gente tem que esperar a chegada desta oficialização. Então, esta informação tem que estar sendo atualizada constantemente pelo seu agente. E no Brasil, as pessoas se sentem mais seguras por voos menos longos. Por isso que as pessoas estão procurando mais viagens nacionais.

É uma tendência mesmo essa questão do turismo regional? 

Sim, dentro do Rio Grande do Sul, está havendo estas viagens curtas. E existem uma boa demanda de hotéis e preparados para receber o turista. A única coisa que a gente se depara é em função das estradas. Nem sempre tem serviços adequados para o viajante em longas distância. Mas, sim, o pessoal tem procurado bastante os Vinhedos, as Missões. Tem fluído um pouco mais e descoberto um pouco mais o Rio Grande do Sul. E acho que a pandemia propiciou isso, que as pessoas descobrissem mais destinos e contemplassem mais a natureza. Acho que isso é coisa muito legal, interessante. Temos 27 regiões no Rio Grande do Sul para visitar. 

As viagens regionais acabam beneficiando destinos gaúchos?  

Com certeza. Isso tornou muitos hotéis mais preparadas, na atenção ao cliente, bem como a procura do cliente para isso também. E economicamente também. Acaba circulando dentro do nosso estado, divulgando nosso estado também, descobrindo o Rio Grande do Sul também. 

O trabalho dos agentes de viagens mudou muito neste ano que está terminando? 

Na verdade, nosso trabalho sempre foi muito informativo. O turismo, nós, agente de viagens, desde o início da pandemia, teve certos momentos, bem longo, uns 90 dias, deixamos de rentabilizar, mas não deixamos nunca de trabalhar. Tinham passageiros em viagem que precisavam voltar para casa, que já tinham viagens marcadas e a gente precisava remarcar. Vieram algumas MPs que ajudaram nas remarcações e em reembolso. O que vai aprimorar, é selecionar os profissionais que ficaram, que persistiram são os profissionais que realmente estão atualizados das informações e preparados para atender o cliente final. A viagem não é só vender o produto. Nossa missão é informar, fazer com que o cliente usufrua da melhor forma o produto que ele está comprando. A pandemia vai valorizar muito mais nosso trabalho, por que o agente tem esta informação para ajudar ele. Para nós realmente não muda muito. 

As exigências sanitárias, também irão permanecer? 

Sim, sim. Certamente estas exigências vieram para ficar. Já estamos falando sobre a vacina. Mas a tendência é que alguns contatos vieram pra ficar, como máscaras e higiene de mãos. 

Vai tornar o processo de ir viajar para o exterior um pouco mais burocrático? 

Eu acredito que depende muito da consciência do viajante e do ecossistema de hábitos comportamentais. Porque, quanto mais as pessoas tiverem bons hábitos, consequentemente, dentro que os países exigem, se elas não tiverem esses hábitos, estas pessoas terão que se adequar. 

Como está o desempenho das agências? 

Quero dizer que nós, como agentes de viagens, estamos bem otimistas assim. A gente acredita sim numa breve retomada, que já está acontecendo. Nós estamos com 50% do movimento do ano passado, mesmo em meio a esta questão pandêmica. Eu diria que é um bom número, considerando a questão que a gente vive. 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895