Presença feminina ganha destaque nas áreas de inovação e tecnologia no RS

Presença feminina ganha destaque nas áreas de inovação e tecnologia no RS

CEO de startup gaúcha avalia o cenário e compartilha dicas para mulheres que querem trabalhar na área de tecnologia

Camila Souza

Lívia Menegat é CEO da startup gaúcha Circle

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A pulsação de ecossistemas de inovação, aliada à tecnologia e ao empreendedorismo, é uma realidade cada vez mais presente no Rio Grande do Sul. A realização de eventos como o South Summit, que trouxe cerca de 20 mil pessoas de mais de 60 países diferentes a Porto Alegre, junto com o fortalecimento de hubs que promovem a troca de experiências entre profissionais nas áreas tecnológicas, ratificam o novo cenário vivenciado pelos gaúchos. E nessa linha, a presença feminina também vem crescendo em um meio que, até então, era predominantemente ocupado por homens.

Uma pesquisa divulgada em março deste ano pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), feita em parceria com o Sebrae-RS, aponta que a cada 100 negócios que surgem no RS, 43% são geridos por mulheres. Já em escala nacional, levantamento da Grant Thornton revela que 38% dos cargos de lideranças de empresas de médio porte no Brasil são ocupados por mulheres, percentual que permaneceu praticamente o mesmo na comparação com 2021. 

Contudo, esses dados ainda atestam uma desigualdade de gênero histórica que perdura em ambientes de trabalho. De acordo com o Women In Work Index, produzido pela PwC, serão necessários 33 anos para que a taxa de mulheres empregadas, hoje 69%, seja equivalente ao índice atual de homens, 80%, nas economias da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). 

Apesar das dificuldades, existem mulheres que destacam a guinada do empoderamento feminino no ambiente profissional. Entre elas está Lívia Menegat, CEO da Circle, startup gaúcha cujo foco é conectar talentos das áreas de comunicação e tecnologia a empresas desses segmentos. Ela conta que nesses últimos dois anos conviveu com mulheres liderando startups, muitas no Rio Grande do Sul. “Isso já remete a um cenário de mudanças. Como exemplo, grandes empresas que estão sendo comandadas por mulheres”, diz.

"Distantes de um patamar de igualdade"

Lívia também pontua um cenário comum para as mulheres nos ambientes profissionais: “Historicamente, precisamos provar tudo o que falamos e fazemos, acredito que esse é um ponto que mais me incomoda no mercado de trabalho.” Além disso, ressalta que as mulheres estão distantes de um patamar de igualdade, principalmente em cargos de liderança, mas que tenta incentivar o protagonismo feminino como gestora: “Na Circle, nós sempre levamos dois ou três talentos para as empresas que nos contratam, nossa regra é sempre apresentar pelo menos uma mulher, muitas vezes apresentamos duas, e não foram poucas oportunidades que tínhamos três candidatas mulheres sendo analisadas pelas empresas”. 

Segundo a gestora, o que precisa mudar é a forma como as empresas olham para talentos femininos. “O mindset das empresas precisa mudar. O normal sempre foi olhar primeiro para os homens como líderes, mas não existe mais espaço para continuar sendo dessa forma”, afirma.

E para as mulheres que querem trabalhar nessa área, Lívia comenta que existem “muitos caminhos legais” e compartilha algumas dicas: “Primeiro, entenda o que realmente faz sentido para ti. Se desenvolva na área onde deseja atuar. Seja participativa, traga as suas opiniões e contribua sempre que possível. E por último, acredite sempre no seu potencial. No final do dia, o que realmente importa é saber que se está caminhando na direção do que faz sentido e do que te completa”.

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