Elvis

Elvis

Filme conta a conturbada relação do Rei do Rock com seu empresário

Chico Izidro

Elvis é vivido quase à perfeição pelo desconhecido ator californiano Austin Butler

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"Elvis", dirigido por Bazz Luhrmann, trata da vida do astro do Rock morto em 1977, aos 42 anos de idade, mas que ainda é um ser presente na vida de milhões de pessoas, tanto que existe uma famosa frase, talvez sentimento dos fãs: Elvis Não Morreu - muitas pessoas juram ter visto o cantor vivendo disfarçado em alguma parte do mundo. O longa metragem é contado sob a ótica do empresário do músico, Coronel Tom Parker (vivido por Tom Hanks), e que submeteu Elvis a uma relação empresarial abusiva descoberta somente na década de 1980.

O cineasta Baz Luhrmann (“O Grande Gatsby”, “Moulin Rouge!”) além de dirigir, também produziu o filme e assinou o roteiro em parceria com Sam Bromell, Craig Pearce e Jeremy Done. A obra mostra a vida do astro dos seis anos de idade até os 42, com fatos na maioria das vezes retratados com precisão.

Elvis nasceu em Tupelo, Mississippi, e depois foi morar em Memphis, ambas no sul dos Estados Unidos, região marcada pela segregação racial, porém apesar de branco se identifica mais com os negros – pela música e por ter crescido em áreas mais humildes. O astro, batizado de Rei do Rock,  título que ele próprio rejeitava, preferindo atribuí-lo a Fats Domino, não criou o estilo musical, mas também não se apropriou do gênero, como muita gente espalha por aí - graças a ele o Rock'N'Roll foi conhecido pelos jovens brancos - Elvis foi o primeiro ícone do miscigenado estilo musical em larga escala.

Em "Elvis", também são mostrados o rebolado polêmico que o cantor praticava e que levava as mulheres à loucura - em uma época de repressão sexual, a dança praticada por ele as fazia ter orgasmos - e que acabou sendo alvo da censura pelos políticos conservadores. É notória a proibição de mostrar Elvis abaixo da cintura nas apresentações televisivas. A obra mostra, rapidamente, a tentativa de carreira em Hollywood que não deu certo. Os seus filmes passavam à exaustão na Sessão da Tarde da Rede Globo nos anos 1980, o retorno depois de um período de ostracismo com shows em Las Vegas. Aliás, a reprodução do momento em que ele interpreta "Suspicious Mind" feita pelo ator Austin Butler é perfeita.

O filme traz ainda o casamento com Priscilla. Os dois começaram a namora quando ela tinha 14 anos, mas só se casaram quando a garota completou 21 anos, porém isso não é destacado. Luhrmann ainda deixou fora o envolvimento político de Elvis, que visitou Richard Nixon, e virou espião, entregando vários colegas de profissão ao FBI, em sua busca frenética por "comunistas".

Elvis é vivido quase à perfeição pelo desconhecido ator californiano Austin Butler, que simplesmente está fantástico, mostrando o forte sotaque sulista, o timbre de voz, os trejeitos dentro e fora de palco. Ele ensaiou de seis a sete dias semanalmente com treinadores vocais para poder falar e cantar de maneira bem próxima ao ídolo. Hanks, por sua vez, está um pouco fora do tom, de certa forma caricato. Mas Helen Thomson como Gladys, mãe de Elvis se destaca. Kelvin Harrison Jr como B.B. King também impressiona, embora a história indique que o Rei do Blues e Elvis não eram tão próximos como exposto no filme. E Olivia DeJonge, como Priscilla, também brilha em seus momentos, como uma mulher no início adorada, mas que tem de conviver com o marido famoso e desejado pelas fãs. "Elvis" é um grande filme, e apesar de várias canções serem mostradas ao longo de suas quase 3 horas, não é um musical. Nota 10.

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