Borat: Fita de Cinema Seguinte

Borat: Fita de Cinema Seguinte

Filme mostra os Estados Unidos e os aspectos mais reacionários de sua sociedade

Chico Izidro

Borat quer presentear a filha Tutar para político norte-americano em filme polêmico

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Quatorze anos depois do polêmico “Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América”, dirigido por Larry Charles, o ator inglês Sacha Baron-Cohen volta a pegar pesado com “Borat: Fita de Cinema Seguinte” (Borat: Subsequent Moviefilm), desta vez com direção de Jason Woliner. Repleto de cenas escatológicas e câmeras escondidas, Sacha mostra com seu personagem o pior e o melhor do ser humano em terras norte-americanas.

Borat é um jornalista do Cazaquistão, antiga república soviética e de forma debochada, o país é retratado como atrasado, machista, repleto de superstições e totalmente antissemita. Ele é mandado para a América para entregar um presente ao vice-presidente americano Michael Pence e assim se livrar da pena de morte. Mas ao chegar ao país de Donald Trump, acontece um acidente. E então Borat se vê obrigado a tentar presentear o político com a sua filha adolescente, Tutar (a atriz búlgara Maria Bakalova, excelente).

Juntos, os dois percorrem os Estados Unidos numa verdadeira road-trip, onde em algumas paradas Borat se veja obrigado a se disfarçar – afinal muita gente conhece o personagem devido ao primeiro filme, de 2006. E as câmeras escondidas estão lá. Claro que sempre fica aquela dúvida, o quanto algumas cenas são encenadas e quantas são reais?

Mesmo assim, Borat consegue desmascarar uma sociedade racista, conservadora, afinal, a cara de seu presidente Trump. Momentos magistrais como a festa de debutantes, onde Tutar e Borat fazem a dança da mestruação, Tutar discursando em uma reunião de mulheres republicanas, Borat, disfarçado, cantando em uma reunião de extremistas brancos em um parque, ou quando ele invade a convenção de Michael Pence trajando uma roupa da organização racista Ku Klux Klan, e depois se traveste de Trump, interrompendo discurso do vice-presidente.

Porém o momento mais tenso do filme é quando Maria, no papel de Tutar, entrevista Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York e hoje advogado pessoal de Donald Trump. A cena, com câmeras escondidas, mostra o político deitando na cama e colocando as mãos dentro das calças enquanto está na companhia da atriz. Ele é interrompido pela chegada de Cohen como Borat, gritando: “ela só tem 15 anos”. E Giuliani, que certamente tinha intenções pecaminosas, sai correndo do local.

Boa parte de “Borat: Fita de Cinema Seguinte” foi filmado durante os meses da pandemia do coronavírus – e as gravações mostram o negacionismo dos apoiadores de Trump. Aliás, a pandemia tem papel fundamental na história. Um filme forte.

Disponível na Amazon Prime Video

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