O Diabo de Cada Dia
Filme mostra a violência e a religiosidade interferindo na vida de pessoas simples dos rincões americanos
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A trama com fortes influências das obras dos Irmãos Coen, “O Diabo de Cada Dia”, tem direção e roteiro de Antonio Campos, que é filho do jornalista Lucas Mendes (Manhattan Connection), e se baseia no romance de Donald Ray Pollock, que faz o papel de narrador no filme, e até os 50 anos era motorista de caminhão e costumava viajar pelas regiões mostradas no filme. O longa mostra como a violência e a hipocrisia religiosa estão presentes no dia a dia.
A trama transcorre por cerca de dez anos entre os meados dos anos 1950 e 1960, e tem como palco as áreas rurais das cidades de Knockemstiff, em Ohio, e Coal Creek, na Virginia, locais habitados por caipiras brancos e religiosos. O protagonista é o jovem Arvin (na fase adolescente vivido por Tom Holland), filho de Willard Russell (Bill Skarsgård, o palhaço assassino de It), que combateu na Segunda Guerra Mundial e voltou traumatizado, depois de testemunhar o que aconteceu com um comandante torturado pelos japoneses. Ele acaba se tornando religioso, e impõe ao garoto regras, que ficam ainda mais rigorosas depois que a mulher acaba morrendo de câncer.
Arvin, depois de ficar órfão, acaba indo morar com a avó, que já estava criando a pequena Lenora (Eliza Scanlen), que teve sua mãe (Mia Wasikowska) assassinada por um pastor (Harry Melling). O garoto costuma resolver os problemas no soco, mas sua vida vai ficar ainda mais complicada depois que surge na vida da família o pastor Preston Teagardin (Robert Pattinson). E no meio de tudo existe um casal de serial killlers, Carl (Jason Clarke) e Sandy (Riley Keough), que durante anos percorre a região fotografando e matando caroneiros, e que em certo momento acabarão cruzando com Arvin.
A história se baseia fortemente na religiosidade, e de como ela pode ser nociva para o ser humano – a jovem Lenora acha que pode resolver tudo rezando, mas mesmo nunca dê resultado, ela continua numa fé cega, impregnada de ignorância. E é assim com outros personagens do filme. Enfim, deixa claro de como a religiosidade vista como única solução para os problemas pode ganhar um teor destrutivo.
O elenco está ótimo, com destaque para Tom Holland (Homem-Aranha) e Robert Pattinson, que ao longo dos anos amadureceu muito, apagando completamente aquela imagem horrível do vampiro deprê da série Crepúsculo, e comprovando estar no grupo de melhores atores dessa geração.
Disponível no Netflix.
