"O Crime é Meu” (Mon Crime)

"O Crime é Meu” (Mon Crime)

Filme baseado em peça francesa dos anos 1930 mostra a luta de duas jovens contra a injustiça da sociedade

Chico Izidro

A inexperiente advogada Pauline (E) decide defender a melhor amiga, Madeleine, acusada de ter assassinado um importante produtor cinematográfico e recebem

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Tendo como ponto de partida a peça “Mon Crime”, espetáculo em dois atos lançado por Georges Berr e Louis Verneuil em 1934, o novo filme do cineasta francês François Ozon tem o mesmo nome "O Crime é Meu” (Mon Crime). A história foca numa sociedade machista, onde as mulheres sofrem para conseguir sobreviver. 
A trama se passa na Paris de 1935, fielmente reproduzida, onde duas jovens amigas, a atriz Madeleine Verdier (Nadia Tereszkiewicz) e a advogada Pauline Mauleón (Rebecca Marder), vivem com dificuldades num pequeno apartamento, com sérias dificuldades para pagar o aluguel. 
Madeleine namora André (Edouard Sulpice), um herdeiro mimado de um empresário do negócios de pneus. Ele se nega a trabalhar, e tem o objetivo de casar com uma garota rica e transformar Madeleine em sua amante. 
O quadro das jovens muda quando Madeleine é  acusada de assassinar um famoso produtor, Montferrand (Jean-Christophe Bouvet). Aspirante a atriz, ela foi a última pessoa a vê-lo vivo, e inclusive revela ter, durante o encontro, sofrido uma tentativa de estupro. 
Madeleine é considerada como culpada do crime pelo inspetor Gustave Rabusset (Fabrice Luchini). Afinal, todas as pistas apontam contra a jovem naquele momento, ainda mais naquela época, onde os faziam qualquer coisa para desmoralizar uma mulher (bem que o quadro não mudou muito nos dias de hoje). 
Assessorada pela amiga Pauline, a jovem atriz acaba confessando o assassinato, e apesar da visão machista da sociedade, a tragédia traz repercussões positivas para as vidas das duas garotas. 
As coisas ficam mais estranhas e divertidas quando surge na vida das duas a veterana atriz Odette Chaumette, brilhantemente interpretada por Isabelle Huppert, que vai provocar um tremendo reviravolta na história. 
O ponto alto de "Crime Meu" é a presença forte de personagens femininas fortes, destemidas e com personalidades fortes em uma época onde as mulheres não costumavam ser ouvidas. Uma cena forte durante o julgamento escancara o preconceito - o promotor acusa Madeleine e Pauline de serem amantes, apenas pelo fato de dividirem o apartamento e a mesma cama, na qual uma das jovens retruca: "vá viver num apartamento minúsculo, sem calefação, nós dormimos abraçadas para nos aquecer..."
Enfim, "Crime Meu" traz à tona discussões importantes, como abuso de poder, corrupção, hipocrisia, misoginia. Um baita filme, repleto ainda de um humor ácido e inteligente. 
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=aLpEoNpohAw

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