"Beau Tem Medo" (Beau Is Afraid)

"Beau Tem Medo" (Beau Is Afraid)

Terceiro filme de Ari Aster mostra jornada de homem com problemas psiológicos tendo de enfrentar seus demônios

Chico Izidro

Joaquim Phoenix vive Beau, personagem depressivo e que vive em um mundo de traumas e medos

publicidade

"Beau Tem Medo" (Beau Is Afraid), dirigido por Ari Aster (“Hereditário” e “Midsommar”), pode ser considerada uma verdadeira viagem psicodélica ou uma trama de horror psicológico. O diretor busca mostrar ainda o sofrimento humano na figura de Beau (mais uma atuação monstruosa de Joaquim Phoenix, que parece moldado para personificar figuras estranhas nas telas).

O seu personagem é um homem que vive sozinho em um apartamento sujo no centro da cidade. E ele resiste em abandonar o lar, pois lá fora vivem as mais estranhas figuras - mendigos, punks, prostitutas, assassinos seriais -, todos parecendo ser uma grande ameaça para ele. E Beau faz sessões de terapia com o seu psiquiatra, interpretado por Stephen McKinley Anderson, que lhe receita um novo medicamento.

E Beau é muito ligado a sua mãe, a quem deve fazer uma visita no aniversário da morte do pai. Porém, ele acaba perdendo o voo, e pouco depois acaba sabendo que a mãe, Mona (vivida por Patti LuPone), morreu de forma assustadora, quando um candelabro caiu sobre a cabeça dela. E ele deve comparecer ao funeral. Para isso, tem de enfrentar seus monstros interiores e exteriores, saindo de sua toca, sob efeito de um novo medicamento. Além disso, a viagem acaba sendo dificultada por uma série de acontecimentos imprevisíveis que parecem tentar desviá-lo de sua jornada.

E nesta trip de quase três horas do filme, Beau é acolhido por casal, Grace (Amy Ryan) e Roger ( Nathan Lane), que sente a falta de um filho, morto em uma guerra, se embrenha em uma floresta, onde encontra um grupo teatral mambembe. E relembra ainda sua infância, quando fez uma viagem de cruzeiro com a mãe milionária e conheceu o amor de sua vida, Elaine Bray (Parker Posey).  

Porém no meio desta viagem, o que é realidade e o que é imaginação da mente de Beau, um homem fragilizado, e com sérios problemas com a mãe. E nisso é mostrada a velha tradição da mãe judia, que sufoca os seus filhos com amor extremo e chantagem emocional, quando eles se afastam dela. A trama se encerra com Beau tendo de encarar uma espécie de julgamento sobre suas ações ao longo da vida. Enfim, um filme realmente doido, entrando naquela série de obras em que pergunto: o que o diretor tomou para fazer tal filme? Ou ele precisa urgentemente procurar um psiquiatra para se tratar. Mas é um baita filme.

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=J2mL_Dl79Nc

Leia os demais posts do blog


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895