Bons tempos não voltam

Bons tempos não voltam

Antes, produzir um carro dependia só de uma fábrica, designers e mão de obra qualificada

Renato Rossi

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Bons tempos aqueles em que produzir um automóvel dependia de uma fábrica, designers talentosos e mão de obra qualificada que traduziam os 5 mil componentes à tridimensionalidade. Depois vieram os robôs, humanoides sem dor de cabeça ou dores emocionais que trabalham de forma repetitiva e ultrarrápida.

E visitar a unidade industrial da Volkswagen em Wolfsburg, na Alemanha, nos anos 80, era fascinante pela total automação nas linhas de montagem. Tão certa era a entrega do produto que na área adjacente à fábrica foi construída a estrutura circular com muitos andares onde ficam os carros a serem entregues a clientes de todo o mundo. O feliz proprietário assiste seu carro ser retirado por um braço mecânico do andar em que se encontra para chegar até uma plataforma. Ali, o cliente recebe uma aula técnica sobre o carro e suas funções.

O espetáculo da entrega dos carros encomendados em Wolfsburg mantém o fascínio até hoje. A diferença é que a entrega da maior parte dos modelos demora. O consumidor fica uns dois meses num hotel em Berlim até o dia marcado. Mas nenhuma montadora disponibiliza o carro ao cliente de forma imediata. Se for o supercarro Lamborghini, de chips especializados, a demora é ainda maior. 

E agora, o elemento externo, a geopolítica, torna mais difíceis as relações entre os países na busca frenética pelas matérias-primas da indústria automotiva. Na Nigéria, subjugada pelo terrorismo islâmico, por exemplo, o lítio pode ser só uma passagem sem volta. Já, se a China invadir Taiwan, que domina a produção de semicondutores, a falta deste componente essencial pode perdurar anos à frente.

 


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