A nova era das trevas

A nova era das trevas

Uma guerra sempre tem complexas e obscuras razões geopolíticas

Renato Rossi

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O que acontece neste momento na Ucrânia é a decisão de iniciar uma guerra que terá consequências gravíssimas, não apenas para os diretamente envolvidos, mas para o mundo. Que, aliás, ainda nem derrotou a pandemia. Um mundo que sobrevive em meio a incertezas. 

Há processos inflacionários em alta, em economias fortes. Nos Estados Unidos, a inflação recorde de 7,5% irá refletir no cancelamento de investimentos feitos no Brasil. A pandemia, além de matar milhões de seres humanos, acabou com as cadeias de suprimentos e deprimiu a economia global. Um dos pilares da economia, a indústria automotiva recuou, e 11 milhões de unidades de carros deixaram de ser produzidas no ano passado, com um prejuízo estimado em 300 bilhões de dólares. 

A falta de chips colaborou, também, para deprimir a produção de veículos. Os países dominantes realizaram grandes investimentos em novas fábricas de semicondutores e treinamento para formação de técnicos altamente qualificados. Foi um trabalho ‘na paz’. Mas como se combate em uma guerra? Com mais guerra, a redobrada destrutividade. O gasto com guerras e armamentismo é vastíssimo. Esses recursos financeiros deveriam ser direcionados para resolver problemas cruciais do mundo como a fome e a sede. 

Uma guerra sempre tem complexas e obscuras razões geopolíticas. A invasão da Ucrânia estimulará a China a invadir Taiwan para dominar a sede dos semicondutores? A Rússia saiu na frente e inaugurou uma nova era das trevas. Do início ao fim, a guerra é um festival de mentiras e enganos. É a brutalidade política que renega o diálogo.


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