Conversa de Carro: Limites aos chineses

Crescimento dos elétricos da China no mercado geram cabo de guerra por taxação

Geração ligada na tomada sacode os mercados
Geração ligada na tomada sacode os mercados Foto por: BYD / Divulgação CP

A Anfavea pode definir na sexta feira um imposto de 35% sobre os veículos importados da China. Mas este não é tema local, mas global. Porque as exportações de carros chineses se amplia geometricamente, neste 2023, e tem como causa principal o excesso de produção da Indústria automobilística chinesa, que permite que o excedente não absorvido pelo mercado interno, que recuou, seja colocado na Europa ou Brasil. Com preços inferiores a dos veículos produzidos localmente. A crescente “invasão chinesa” é analisada pelo jornalista norte-americano Chris Miller, no livro “Chip War”, que mostra as raízes da competitividade chinesa.

“Os fabricantes ocidentais, como as tradicionais marcas europeias, enfrentam a dura competição dos veículos exportados pela China. Que utilizam componentes eletrônicos e mecânicos produzidos na Ásia. Os produtores de componentes na Europa são excluídos da produção chinesa, em compensação os chineses não pagam imposto nas exportações para a Europa. Os veículos elétricos produzidos na China tem inegável qualidade”, escreve Chris Miller. Mas os preços competitivos são artificiais. E resultam de duas décadas de feroz protecionismo praticado pelo governo comunista, que utiliza a indústria automobilística como “Política de Estado”. O resultado dos fartos incentivos fiscais é que a China esta muito à frente do ocidente no veículo elétrico.

O autor do “Chip War”, afirma que subsídios não são estranhos às marcas ocidentais que, com frequência, se beneficiam de empréstimos e leis protecionistas. Mas nada é comparável ao protecionismo chinês. Que permitiu a tremenda competitividade das marcas automobilísticas via exportações. As montadoras ocidentais, até agora, suavizaram as críticas com medo de perder o acesso ao maior mercado do mundo. Por exemplo, 80% da lucratividade global da Volkswagen vem da China. O governo dos Estados Unidos alocou 370 bilhões de dólares para estimular as montadoras norte-americanas a produzirem carros elétricos. Um investimento grandioso e pragmático, que fez com que as marcas chinesas deixassem de ser competitivas no mercado norte-americano. A Europa também deverá impor cotas para carros chineses importados. Estarão livres das quotas se produzirem na Europa. Bem feito.

Correio do Povo
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