As perguntas e respostas sobre prevenção, sintomas e riscos da subvariante Arcturus da Covid-19

As perguntas e respostas sobre prevenção, sintomas e riscos da subvariante Arcturus da Covid-19

Linhagem foi notificada pela primeira vez em solo brasileiro no estado de São Paulo

Lucas Eliel

Vacinação cumpre papel fundamental para se prevenir desta e de outras sublinhagens

publicidade

Uma nova subvariante da Covid-19 foi notificada pela primeira vez na Índia e no território brasileiro teve registro inicialmente no estado de São Paulo. A Arcturus, também chamada de XBB.1.16 é uma linhagem que descende da Ômicron e por causa da sua rápida disseminação em alguns países no mundo, como Estados Unidos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou, no último dia 17, o tipo de classificação de "variante de monitoramento" para "variante de interesse".

A população tem relatado principalmente efeitos negativos na região dos olhos após a infecção pela Arcturus. Para falar sobre os sintomas e outros fatores sobre a cepa, como riscos e prevenção, o Correio do Povo conversou com o virologista Fernando Spilki. Confira abaixo as perguntas e respostas sobre o tema:

Quais são os sintomas da Arcturus? 

A questão dos sintomas deve ser vista com bastante cuidado. As pessoas ficam curiosas para saberem o que uma variante causa de diferente da outra, mas elas apresentam sempre um conjunto sintomático, modificado essencialmente entre 2020 e 2021.

Embora indivíduos tenham relatado problemas na região dos olhos, essa não é uma complicação exclusiva da Arcturus: "A conjuntivite já se observava às vezes até em 10% dos casos de UTI, por exemplo, e em uma parcela pequena dos casos moderados de Covid-19 mesmo em 2020", destaca o especialista. Ou seja, além da conjuntivite, a subvariante também pode causar desordem respiratória, tosse, falta de paladar, gonorreia e corrimento nasal. 

Qual o nível de risco que a subvariante oferece? 

Por ser classificada como "variante de interesse", a Arcturus não está atrelada por enquanto a um grande risco. Os dados iniciais têm apontado que por ela ser Ômicron, pode ter uma capacidade de transmissibilidade maior, mas isto varia de país para país. 

Há risco da Arcturus provocar uma nova onda de coronavírus? 

Essa possibilidade não está descartada porque a Arcturus pode ser a indutora para um aumento de casos de Covid-19. Contudo, levando em consideração o índice vacinal da população, e um diagnóstico restrito (as pessoas têm buscado pouco os serviços de saúde para verificarem se estão ou não com coronavírus), a tendência é de a cepa acabar não causando uma grande elevação nos registros sobre a doença. 

As estatísticas apontam que o número de casos de Covid-19 tem aumentado principalmente nos primeiros meses do ano, quando é chegada a época de veraneio. Neste período, o Brasil teve uma nova onda de coronavírus em 2023, mas em menores proporções comparando com anos anteriores, segundo o especialista. 

As vacinas bivalentes protegem contra a nova cepa? 

Sim, as vacinas bivalentes foram justamente geradas porque os cientistas perceberam já ao longo do ano de 2021, antes da Ômicron existir, que com as variantes de preocupação já havia pequenas perdas na eficácia da vacina. "Isso não quer dizer que aquelas vacinas que tomamos no passado não valeram nada, muito pelo contrário. Elas conferiram uma proteção importante", lembra. 

As vacinas bivalentes são fundamentais nesse momento, pois elas contêm as mutações presentes nos vírus derivados da Ômicron em circulação. A expectativa é de no ano que vem os imunizantes serem ainda mais eficazes no combate à Arcturus e outras futuras sublinhagens. 

Quando procurar um local de atendimento?

A população não deve esperar uma piora no estado de saúde para ir até um local de atendimento. Em relação à Arcturus, não é aconselhável se direcionar a um estabelecimento somente em caso de conjuntivite, justamente por este não ser um problema somente ocasionado pela sublinhagem. 

Fazendo o atendimento e testes, a pessoa poderá confirmar se está com Covid-19 ou alguma outra complicação, como gripe e dengue, e poderá se isolar, a fim de evitar o contato com outros indivíduos durante a recuperação. 

Veja Também

Após três anos de Covid-19, como se cuidar ainda da doença? 

Embora o momento atual não seja o mais severo considerando a Covid-19, a população não deve viver em uma espécie de "mundo paralelo", onde a doença não existe mais. "Não há os números atualizados para o Brasil, mas ano passado, mesmo tendo toda a baixa do número de casos e evolução da vacinação, o coronavírus foi a quarta causa de mortes nos Estados Unidos", enfatiza. 

Antes de tudo, é preciso ter a vacinação em dia, pois é ela que desempenha o maior papel de proteção à Covid-19. Outros cuidados para evitar problemas com a doença vão variar dependendo da situação. Neste momento, é aconselhável sempre manter a higiene das mãos e deixar ambientes bem ventilados. "Se você entrar no transporte público que não tem como ventilar, é bom usar uma máscara", exemplifica o virologista Fernando Spilki. Se alguém perto está tossindo ou espirrando, é recomendado também a utilização do equipamento.

Há algum cuidado bem básico que as pessoas acabam esquecendo? 

Estar devidamente agasalhado. Por incrível que pareça, o "conselho da vovó" de colocar alguma roupa mais quente tem comprovação científica de que ajuda o trato respiratório a se defender de diversas infecções. Na prevenção à Covid-19 é preciso ter um balanço, conforme o especialista: não ficar paranoico, mas lançar mão de todos os cuidados possíveis. 


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895