Cassetete teria sido usado na morte de Gabriel Cavalheiro, diz delegado

Cassetete teria sido usado na morte de Gabriel Cavalheiro, diz delegado

Depoimentos conflitantes de PMs podem levar à realização de reconstituição do crime

Correio do Povo

Cassetete teria sido usado na morte de Gabriel Cavalheiro, diz delegado

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A Polícia Civil já tem indícios de que o jovem Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, foi golpeado na coluna cervical após receber um forte tapa e cair no chão durante a abordagem dos três policiais militares em São Gabriel. O inquérito sobre a morte da vítima deve ser concluído na próxima quinta-feira. “Pelo que a testemunha disse foi o cassetete dos brigadianos”, confirmou o Subchefe de Polícia Civil, delegado Vladimir Urach, à reportagem do Correio do Povo no final da manhã desta terça-feira em Porto Alegre. 

Segundo o laudo do Instituto-Geral de Perícias, a vítima morreu por hemorragia interna, provocada por um objeto contundente. O sangramento ocorreu a partir de golpes dados na coluna cervical. A hipótese de morte por afogamento foi assim descartada.

Em relação ao modo como o jovem foi levado e deixado no açude na localidade de Lava Pé, no interior de São Gabriel, onde o corpo foi encontrado, o delegado Vladimir Urach constatou que ainda permanece nebuloso. “Não tem como dizer exatamente o que aconteceu, pois dependeria deles….Talvez em juízo digam alguma coisa, mas acredito que não”, afirmou. Ele observou, porém, que o GPS da viatura indicou que os três policiais militares estiveram realmente no local.

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Sobre a responsabilização pela morte do jovem, o delegado Vladimir Urach avaliou que “todos contribuíram, de uma forma ou de outra” e que vão responder, portanto, por homicídio doloso qualificado. De acordo com ele, a participação de cada um no crime será definida na “individualização das penas”.

O Subchefe de Polícia Civil não descartou também a possibilidade de que, mesmo após o inquérito ser remetido à Justiça, o titular da DP de São Gabriel, delegado José Soares Bastos, possa “querer fazer uma reconstituição” em função dos depoimentos conflitantes prestados pelos policiais militares durante a investigação.

Finalizado, o inquérito da Polícia Civil deve chegar até as mãos do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS). Na entrevista coletiva realizada nessa segunda-feira na Secretaria da Segurança Pública do Estado, no bairro Tristeza, em Porto Alegre, o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais do MPRS, Júlio César de Melo salientou que a instituição vem acompanhando as investigações no âmbito da Brigada Militar e Polícia Civil.

O promotor Júlio César de Melo destacou a importância desses inquéritos serem realizados com “lisura e transparência, apurando todas as circunstâncias desse fato lamentável” e assegurou que o MPRS “se debruçará sobre análise de cada um desses fatos”, podendo pedir novas diligências.

“Temos sim um crime doloso contra a vida”, enfatizou. “A peça acusatória dará início ao processo para responsabilização de todos os envolvidos neste triste e lamentável caso”, complementou.

A Brigada Militar encaminhou nessa segunda-feira o Inquérito Policial Militar (IPM) à Justiça Militar no qual indiciou os três policiais pelo crime de homicídio doloso qualificado e também por transgressões militares.


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