Vídeo exibe encontro entre suspeito pelo crime no AM e indigenista Bruno Pereira
Imagens da rede Al Jazeera mostram vigilantes indígenas no rio Itaquaí abordando embarcação de Amarildo Oliveira, o "Pelado"
publicidade
Imagens publicadas pela rede Al Jazeera mostram uma antiga abordagem de vigilantes indígenas, entre eles o indigenista Bruno Pereira, a uma embarcação onde estava Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado", no Vale do Javari, no Amazonas. Amarildo é um dos principais suspeitos de ter assassinado o indigenista e o jornalista britânico Dom Phillips.
As imagens (veja o vídeo abaixo) foram feitas há alguns meses pela jornalista brasileira Monika Kiev e pelo cinegrafista francês Jules Guepratte e divulgadas pela plataforma Headline. Na gravação, é possível ver a lancha da vigilância indígena, onde está Pereira, que faz parte da patrulha. Eles se aproximam da embarcação de "Pelado" e um dos membros, Joel Rodrigues, alerta o pescador sobre a promixidade com a terra indígena Vale do Javari.
Imagens da rede Al Jazeera mostram os Vigilantes Indígenas abordando a embarcação de Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, no Vale do Javari. No vídeo é possível ouvir “Pelado”, principal suspeito pelo desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips. Bruno estava nessa patrulha pic.twitter.com/Ubeo2SunWZ
— Headline (@Headline_BR) June 14, 2022
"Essa área toda aqui é zona de pesca. Tu sabes disso. Essa área toda aqui é da comunidade. Não tem nada a ver com indígena, não. Vai tomar teu rumo aí", respondeu o pescador. "Quando eles estão pescando aí, eles sempre vêm aí no bagulho", completou.
De acordo com a publicação, o encontro ocorreu no rio Itaquaí, onde Araújo e Phillips foram vistos pela última vez, em 5 de junho. Os restos mortais encontrados nas buscas chegam a Brasília nesta quinta-feira (16). Os corpos serão transportados de Atalaia do Norte (AM) para o Instituto de Criminalista da Polícia Federal, onde passarão por perícia para confirmação das identidades — os resultados devem ser divulgadas na próxima semana.
Os remanescentes humanos foram encontrados por agentes depois que "Pelado" confessou ter matado Araújo e Phillips, esquartejado os corpos e ateado fogos neles. Além disso, a PF relatou que o criminoso indicou o local onde os corpos estavam enterrados – a mais de 3 km da margem do rio Itaquaí.
O irmão do "Pelado", o também pescador Osoney da Costa, foi preso. Os dois foram vistos por testemunhas perseguindo a lancha dos profissionais. O superintendente da Polícia Federal, Eduardo Alexandre Fortes, afirmou que mais pessoas podem estar envolvidas no caso.
Veja Também
- ONU repudia "brutal ato de violência" contra Bruno e Dom e pede melhoria na segurança da Amazônia
- PF suspeita que narcotraficante seja mandante do desaparecimento de Bruno Pereira e Dom Phillips
- Chega a Brasília avião com restos mortais que podem ser de jornalista e indigenista
O caso
O jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram em 5 de junho, enquanto realizavam entrevistas para a produção de um livro e reportagens sobre invasões das terras indígenas da região. Eles partiram rumo à cidade de Atalaia do Norte, mas não chegaram ao destino.
Com 8,5 milhões de hectares, a terra indígena fica no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, e abriga ao menos 14 grupos isolados, a maior população indígena não contatada do mundo.
A área é a segunda maior terra indígena do país – atrás apenas da Yanomami, com 9,4 milhões de hectares – e tem acesso restrito, feito apenas por avião ou barco, já que a região não possui rodovias nem ferrovias próximas. O Vale do Javari é pressionado há anos pela atuação intensa de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.