PF busca sangue e digitais na lancha usada por suspeito de desaparecimento na Amazônia
Peritos usam luminol para tentar encontrar vestígios de amostra biológica e digitais de indigenista e jornalista desaparecidos
publicidade
A Polícia Federal informou nesta quinta-feira que busca vestígios de material genético na lancha usada por Amarildo da Costa de Oliveira, preso suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no Amazonas.
"Com o uso de luminol, as equipes investigam a possibilidade da existência de vestígios de amostra biológica e digitais deixadas na lancha, tanto pelo suspeito quanto pelos tripulantes", informou a PF.
Amarildo, conhecido como "Pelado", é pescador e foi preso na quarta-feira (8) com munição de uso restrito, chumbinhos e uma substância entorpecente. Ele nega qualquer relação com o sumiço dos dois homens.
O desaparecimento
Bruno e Dom estão desaparecidos desde o domingo (5) no entorno da terra indígena Vale do Javari. Eles saíram de Atalaia do Norte para visitar a equipe de vigilância indígena do lago do Jaburu na sexta-feira (3) e deveriam ter voltado ao município no domingo pela manhã, o que não aconteceu.
Os dois viajavam em uma embarcação nova, com 70 litros de gasolina — o suficiente para o percurso — e sete tambores vazios de combustível. Por volta das 6h do domingo, eles chegaram à comunidade São Rafael, onde encontrariam uma liderança local. Sem conseguirem falar com o morador, decidiram voltar a Atalaia do Norte, viagem que deveria durar cerca de duas horas. Contudo, não chegaram à cidade.
Veja Também
- Veja o que se sabe sobre o sumiço de indigenista e de jornalista inglês
- Defesa emprega 150 militares em buscas por jornalista inglês e servidor da Funai na Amazônia
- Justiça manda governo usar helicóptero e barcos nas buscas por jornalista inglês e servidor da Funai
O Vale do Javari é palco de conflitos que envolvem garimpo, extração de madeira, pesca ilegal e narcotraficantes. Com 8,5 milhões de hectares, a terra indígena fica localizada no extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo. A área é a segunda maior terra indígena do país — atrás apenas da Yanomami, com 9,4 milhões de hectares — e tem acesso restrito, feito apenas por avião ou barco, já que a região não tem eixos rodoviários nem ferroviários próximos.
Arte / R7
Alvo de ameaças por parte de madeireiros e garimpeiros da região, Bruno é indigenista especializado em povos indígenas isolados e conhecedor da região, onde foi coordenador regional por cinco anos. De acordo com a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), o indigenista foi intimidado dias antes da viagem na companhia do jornalista freelancer do jornal britânico The Guardian.
Já Phillips mora em Salvador, na Bahia, e faz reportagens sobre o Brasil há 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para o jornal The Guardian.
Segundo informações divulgadas pelo The Guardian, a embaixada britânica no Brasil também acompanha o caso. "O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e as condições de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível", diz a nota.
A operação em busca dos desparecidos conta com o apoio de: Exército, Marinha, Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) e Polícia Federal (PF). Cerca de 250 pessoas estão trabalhando no caso, dentre eles estão militares especialistas em operações em ambiente de selva que conhecem o local das buscas, além de, duas aeronaves, três drones e 20 viaturas que foram deslocadas ao município para auxiliar nas investigações.