Polícia Civil abre inquéritos contra torcedor que invadiu gramado com criança no colo

Polícia Civil abre inquéritos contra torcedor que invadiu gramado com criança no colo

Torcedor foi identificado como um morador de Canoas, de 33 anos, sócio do Internacional e sem antecedentes criminais

Correio do Povo

Na manhã desta terça-feira, uma coletiva de imprensa foi realizada no Palácio da Polícia

publicidade

A Polícia Civil já tem a convicção de que o torcedor colorado expôs a um grave perigo a filha pequena no colo ao invadir o campo e agredir um jogador e um repórter cinematográfico, após a partida de Inter e Caxias, na noite de domingo passado, no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. Ele deve ser responsabilizado criminalmente a partir dos dois inquéritos abertos pela 2ª DP da Capital, sob comando do delegado Vinícius Nahan, pela 2ª Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente (2ª DPCA), que está sendo chefiada interinamente pela delegada Elisa Ferreira de Souza.

Na manhã desta terça-feira, uma coletiva de imprensa foi realizada no Palácio da Polícia. “Por sorte, quem levou a agressão não revidou imediatamente, pois teríamos até uma fatalidade ali pela posição que a menina estava colocada no colo e pela força física de quem teria reagido”, avaliou o Chefe de Polícia Civil, delegado Fernando Sodré.

Responsável pelo inquérito sobre a invasão do campo e lesão corporal decorrente das agressões, o delegado Vinícius Nahan afirmou que o repórter cinematográfico já prestou queixa e o jogador do Caxias deve fazer possivelmente o mesmo depois do término do campeonato gaúcho. “Ele tem o prazo legal de seis meses para procurar a Polícia Civil e registrar a ocorrência”, lembrou.

O torcedor foi identificado como um morador de Canoas, de 33 anos, sócio do Internacional e sem antecedentes criminais. Acompanhado de advogado, ele prestou depoimento na tarde dessa segunda-feira. O delegado Vinícius Nahan observou que o “suspeito estava com receio de ser preso em flagrante”. Na oitiva, acrescentou o titular da 2ª DP, o torcedor tinha direito de permanecer em silêncio, mas resolveu falar e até se reconheceu nas imagens que circularam na imprensa e nas redes sociais.

O relato apresentado pelo suspeito, porém, é de que entrou no campo para proteger-se da pressão física da torcida na arquibancada e que o portão de acesso foi aberto pelos seguranças do Inter. Ao entrar no campo, segundo a versão do interrogado, é de que se sentiu acuado e com medo no meio daquela confusão. Para se defender, o suspeito disse que efetuou então as agressões. “É a versão dele que vai ser analisada com outros elementos na investigação, notadamente as imagens que estão bem caracterizadas”, disse.

“Acreditamos que as imagens falam por si. É uma versão defensiva dele que deve ser levada com parcimônia”, enfatizou o delegado Vinícius Nahan, ressaltando que outros torcedores que invadiram o gramado também serão responsabilizados com base em crime previsto no Estatuto do Torcedor. Entre os depoimentos previstos estão a esposa do torcedor e três seguranças do Inter como testemunhas, visando apurar a dinâmica dos fatos, além de duas pessoas que acompanhavam o suspeito no jogo.

Veja Também

Já a delegada Elisa Ferreira de Souza destacou que o foco do inquérito na 2ª DPCA é a exposição ao perigo da criança que estava no colo do pai. “Solicitamos as imagens das câmeras de monitoramento do Internacional e já estão sendo analisadas”, adiantou. “Está muito clara a atitude daquele pai”, frisou. “Ele expôs a filha a graves riscos, mas por sorte não aconteceu, a princípio, nada de grave com ela”, emendou.

“O pai da menina relatou que não percebeu as consequências do ato dele e que ele ingressou no campo como uma forma de proteção e desferiu chutes e socos a esmo com o intuito de proteger a vida da filha e dele mesmo”, complementou. A delegada Elisa Ferreira de Souza confirmou também que a mãe não estava presente.

Exames de lesão corporal e psíquica estão sendo realizados na criança. No entanto, independente dos resultados, a delegada Elisa Ferreira de Souza considerou que não mudará em nada a linha de investigação e a tipicidade do crime. “As imagens falam muito”, apontou”. Conforme ela, “o que nos interessa é a proteção daquela criança que foi exposta a risco” e questionou ainda “o que poderia ter acontecido com aquela criança”.

Por sua vez, o diretor do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV), delegado Christian Nedel, observou que a atitude do torcedor foi de "uma irresponsabilidade terrível e injustificável”. A diretora do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), delegada Adriana Regina da Costa, citou a importância da existência de um posto policial em dias de jogos dentro da Arena e do Beira-Rio, pois possibilita "começar o trabalho de investigação logo após um fato".


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895