Bombardeios russos deixam ao menos 11 mortos e 60 feridos em Kiev
Ataques ocorreram em represália à destruição parcial da ponte da Crimeia
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A onda de bombardeios coordenados pela Rússia em Kiev, na Ucrânia, deixou pelo menos 11 mortos e 60 feridos nesta segunda-feira. Os ataques foram realizados em represália a uma explosão que destruiu parcialmente a estratégica ponte da Crimeia. Trata-se da maior campanha de ataques na Ucrânia em meses. As explosões coincidem com uma reunião do Conselho de Segurança do presidente russo, Vladimir Putin, convocada após a explosão na ponte de Kerch.
O Exército ucraniano informou que as forças russas dispararam 75 mísseis contra cidades de todo país, em uma série de ataques que incluíram o uso de drones iranianos lançados de Belarus. O último bombardeio contra a capital ucraniana remonta ao final de junho. "Ataques maciços com armas de alta precisão de longo alcance foram realizados contra a infraestrutura de energia, militar e de comunicações da Ucrânia", declarou Putin no início do Conselho de Segurança, segundo imagens transmitidas pela televisão.
O chefe do Kremlin prometeu respostas "severas" em caso de novos ataques. Já o número dois do Conselho de Segurança, o ex-presidente Dmitri Medvedev, assegurou que os bombardeiros eram "o primeiro episódio" e exigiu o "desmantelamento total" do poder político ucraniano.
Ao mesmo tempo, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado próximo de Putin, acusou a Ucrânia de preparar um ataque contra seu país e, por isso, anunciou o envio de tropas conjuntas com a Rússia.
Reações
Em um discurso à nação, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a manhã foi "difícil" e explicou que as forças russas tinham dois objetivos com seus bombardeios. "Querem o pânico e o caos e querem destruir nosso sistema de energia", afirmou o presidente, anunciando que as bombas russas atingiram cidades como Dnipro e Zaporizhzhia, no centro do país, e Lviv, no oeste. "O segundo alvo são as pessoas", denunciou, acusando o Exército russo de lançar os ataques com o objetivo de causar o máximo de dano possível.
O Ministério russo da Defesa confirmou ter mirado nas infraestruturas energética, militar e de comunicações da Ucrânia e disse que os ataques "atingiram seus alvos". O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, considerou, por sua vez, que Putin está "desesperado, em função das derrotas no campo de batalha".
Por isso, acrescentou, usa "o terrorismo dos mísseis para tentar mudar o ritmo da guerra a seu favor". "Estávamos dormindo quando ouvimos a primeira explosão. Acordamos, fomos ver o que estava acontecendo e então aconteceu a segunda explosão", relatou à AFP Ksenia Ryazantseva, uma professora de idiomas de 39 anos. "Não entendíamos o que estava acontecendo (...) bem, estamos em guerra", acrescentou.
Zelensky afirmou que conversou com os líderes da Alemanha e da França e exortou-os a "aumentar a pressão" sobre a Rússia. "Conversamos sobre o fortalecimento de nossa defesa aérea, da necessidade de uma forte reação europeia e internacional, bem como o aumento da pressão sobre a Federação Russa", escreveu Zelensky no Twitter.
Os líderes do G7 vão discutir na terça a situação na Ucrânia, segundo Berlim. A União Europeia considerou os ataques russos contra civis são "crimes de guerra", cujos responsáveis "devem prestar contas", de acordo com Peter Stano, porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrel. "Trata-se de uma nova escalada que é absolutamente inaceitável (...) esses ataques bárbaros mostram que a Rússia opta por uma tática de bombardeios cegos contra civis", declarou Stano.
O Reino Unido chamou os ataques de "inaceitáveis", e a França, que considerou um "crime de guerra", prometeu aumentar a ajuda militar a Kiev. O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, também condenou os "horríveis e indiscriminados" ataques.
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