Ucrânia exige respaldo total do Ocidente contra possível invasão russa

Ucrânia exige respaldo total do Ocidente contra possível invasão russa

Presidente Zelensky pediu a aliados que abandonem estratégia de "apaziguamento"

AFP

Protestos contra possível escalada bélica ocorrem nos EUA

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O presidente ucraniano, Volodomir Zelensky, pediu neste sábado às potências ocidentais que defendam irrestritamente seu país contra uma possível invasão da Rússia. A nação vizinha testou mísseis com capacidade nuclear perto da fronteira com a ex-república soviética.

Zelensky pediu aos aliados, durante um fórum sobre questões de segurança em Munique, na Alemanha, que abandonem a estratégia de "apaziguamento" da Rússia. "Todos devem entender que não são contribuições de caridade que a Ucrânia pede. É sua contribuição para a segurança da Europa e do mundo, do qual a Ucrânia tem sido o escudo por oito anos", acrescentou Zelensky.

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O presidente referia-se ao início do conflito com separatistas pró-Rússia no leste do país e à anexação da península da Crimeia pela Rússia em 2014. Observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) alertaram no sábado para um "aumento drástico" nas violações do cessar-fogo de 2015.

Segundo o exército ucraniano, dois soldados foram mortos neste sábado em um bombardeio por separatistas. Essas seriam as primeiras baixas militares em mais de um mês, em um conflito que deixou mais de 14.000 mortos desde seu início.

Em seu discurso em Munique, Zelensky pediu um cronograma "claro e viável" para a adesão da Ucrânia à Otan, uma aliança militar entre os Estados Unidos e as principais potências europeias. Essa adesão representaria uma linha vermelha para a Rússia, que exige precisamente garantias de que a Otan nunca admitirá a Ucrânia e que a região não receberá reforços militares do Ocidente.

Zelensky propôs um encontro com Putin para esclarecer quais são suas intenções. "Não sei o que o presidente russo quer, então proponho que nos encontremos", declarou. De acordo com a presidência francesa, o líder ucraniano afirmou ao homólogo francês, Emmanuel Macron, que não "responderia" às "provocações" russas no leste da Ucrânia e que seguiria disposto a "dialogar" com Moscou.

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou na sexta-feira estar "convencido" de que Putin decidiu invadir a Ucrânia e que a multiplicação de incidentes no leste daquele país busca criar uma "falsa justificativa" para que a Rússia inicie seu ataque nos próximos dias ou semana.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, alertou neste sábado que, se a Rússia atacar a Ucrânia, as forças da Otan na Europa Oriental serão reforçadas e os países ocidentais imporão sanções econômicas "duras e rápidas" contra Moscou.

Putin minimizou na sexta-feira as ameaças de retaliação econômica. "As sanções serão introduzidas não importa o que aconteça. Se houver uma razão ou não, eles encontrarão uma, porque seu objetivo é impedir o desenvolvimento da Rússia", acusou.

Os confrontos com separatistas no leste da Ucrânia e a evacuação de civis daquela região para a Rússia deram argumentos a quem diz que Putin está se preparando para ordenar a invasão. "Todos os sinais indicam que a Rússia planeja um ataque total à Ucrânia", afirmou neste sábado em Munique o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em declarações à televisão alemã ARD.

A Otan informou que estava transferindo seu pessoal em Kiev para Lviv, no oeste do país, ou para Bruxelas, onde tem sua sede, como medida de segurança. A Alemanha incentivou neste sábado seus cidadãos a deixar "urgentemente" a Ucrânia, gesto imitado pela França.


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