Com casos em alta, América Latina aposta na vacinação contra a ômicron
Na Argentina, número de infecções se multiplicou por seis desde o início de dezembro
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A América Latina aposta em acelerar as campanhas de vacinação e reforçar as medidas de prevenção para enfrentar a propagação da variante ômicron do coronavírus, registrada oficialmente em pelo menos dez países da região, em um momento em que os contágios dispararam.
Uma nova onda de casos prejudica o fim do ano na América Latina e Caribe, que acumula mais de 47 milhões de contágios confirmados e cerca de 1,6 milhão de mortes, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais.
O Brasil, que cancelou as gigantescas celebrações de fim de ano, e o Chile, com uma vacinação avançada, são a exceção e reportam uma queda nos casos. Na Argentina, onde a vacina é voluntária e a terceira dose de reforço é incentivada, os casos se multiplicaram por seis desde o início de dezembro, com 7.623 positivos registrados no domingo contra 1.521 novos casos há quase um mês.
A Bolívia está no pico da quarta onda da pandemia; o Peru também vive um novo surto e viu os casos dobrarem no último mês, assim como a Colômbia, que enfrenta um aumento dos casos positivos diários.
O aumento dos casos de Covid-19 coincide com os registros da contagiosa variante ômicron no Panamá, Colômbia, Chile, Argentina, Brasil, Paraguai, Venezuela, México, Cuba e Equador. Este último detectou os primeiros casos com a ômicron no porto de Guayaquil, um dos primeiros focos da pandemia na América Latina, onde no ano passado os sistemas de saúde e funerários entraram em colapso, deixando inclusive corpos nas ruas.
"Sei que (a ômicron) é mais forte que a (variante) que está circulando comumente. Já tenho a vacina, mas sinto o mesmo medo", confessou à AFP Yeison Chirino, um carteiro de 28 anos em Bogotá.
Preocupados com ômicron
Em meio ao aumento generalizado de contágios, a vacinação continua sendo a ponta de lança do continente no que resta do ano, com o objetivo de se blindar em 2022. No Panamá, onde em 15 dias o número de casos aumentou 150%, sete em cada dez "se sentem preocupados em se infectar" com a nova variante, segundo uma pesquisa divulgada na segunda-feira.
O governo panamenho habilitou 126 pontos de vacinação adicionais, dos quais alguns ficaram lotados, gerando uma momentânea escassez de vacinas. Cuba, que diz ter a pandemia controlada com suas três vacinas anticovid (Abdala, Soberana 02 e Soberana Plus), também acelerou a vacinação de reforço após registrar um aumento moderado dos casos.
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Peru fechou um acordo para comprar 55 milhões de doses de vacinas, em parte para administrar uma quarta injeção nos profissionais da saúde e na população vulnerável. Também reforçou a campanha de vacinação, que alcança 76% da população alvo.
Na América Latina foram testadas medidas controversas. O Equador implementou a vacinação anticovid obrigatória pela primeira vez na região e a Bolívia exigirá o comprovante de vacinação a partir de 2022 para quem comparecer a lugares públicos, como bancos e mercados.
Em contraste, o México começou no início de dezembro a aplicar as doses de reforço aos maiores de 60 anos e evitou impor restrições à economia e celebrações de fim de ano.
O México é um dos países que realiza menos testes no mundo, com 0,1 por cada 1 mil habitantes no mês de dezembro, segundo a Universidade de Oxford.
Brasil e Chile, exceções da região
Apesar de registrarem casos de ômicron, Brasil e Chile são a exceção da região, reportando uma redução de novos casos. O Chile detectou 760 novos casos na segunda-feira, 25% a menos em relação à média das últimas duas semanas, uma queda que as autoridades atribuem à alta porcentagem de vacinados.
Cerca de 15,8 milhões de chilenos receberam duas doses das vacinas (86,7% da população elegível) e 10,2 milhões uma terceira (62%). O país começará a aplicar uma quarta dose a partir de fevereiro. No Brasil, que registrou os primeiros casos da ômicron na América Latina, a média de casos diários se mantém em queda, com 3.397 diários, um declínio de 62% em comparação com duas semanas atrás.
O país também aplica uma dose de reforço e as celebrações de Ano Novo no Rio de Janeiro, São Paulo e quase todas as capitais estaduais foram canceladas pela pandemia. Após receber a terceira dose, Roberta Assis, advogada de 27 anos, se diz cautelosa. Celebrará o Ano Novo na casa de amigos, no Rio de Janeiro. "Seremos poucas pessoas, ainda não dá para se aglomerar muito", explicou.