A Casa Branca considerou, nesta sexta-feira (10), que o Comitê do Prêmio Nobel tomou uma decisão que colocou a política acima da paz ao conceder esse reconhecimento à líder opositora venezuelana María Corina Machado em vez do presidente Donald Trump.
O mandatário dos Estados Unidos expressou nos últimos dias seu desejo de ganhar o Prêmio Nobel da Paz, no momento em que negociava um acordo entre Israel e o movimento palestino Hamas sobre Gaza.
O acordo foi assinado na quinta-feira. "O presidente Trump continuará alcançando acordos de paz, pondo fim a guerras e salvando vidas”, escreveu no X o diretor de comunicação da Casa Branca, Steven Cheung. 'O Comitê do Nobel provou que coloca a política acima da paz'.
Justificativa do prêmio
O Comitê Norueguês do Nobel, que organiza o prêmio, concedeu o prêmio a Machado "por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".
A líder da oposição da Venezuela foi elogiada por ser uma "figura-chave e unificadora em uma oposição política que antes era profundamente dividida - uma oposição que encontrou um ponto comum na demanda por eleições livres e governo representativo", disse Jørgen Watne Frydnes, presidente do comitê norueguês do Nobel.
"No último ano, a Sra. Machado foi forçada a viver escondida. Apesar das sérias ameaças à sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões. Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem", disse Frydnes.
O governo do ditador Nicolás Maduro perseguiu diversos oponentes antes das eleições presidenciais do ano passado. Machado deveria concorrer contra Maduro, mas o governo a desqualificou. A líder da oposição apoiou o diplomata Edmundo González Urrutia em seu lugar.
O período que antecedeu a eleição foi marcado por repressão generalizada, incluindo desqualificações, prisões e violações de direitos humanos. A repressão à dissidência só aumentou depois que o Conselho Nacional Eleitoral do país, que conta com a participação de apoiadores de Maduro, o declarou vencedor, apesar de evidências críveis em contrário.
Os resultados das eleições anunciados pelo Conselho Eleitoral geraram protestos em todo o país, aos quais o governo respondeu com força e que culminaram com mais de 20 mortos. A repressão também levou ao fim das relações diplomáticas entre a Venezuela e vários países, incluindo a Argentina.
Machado se escondeu e não é vista em público desde janeiro. Um tribunal venezuelano emitiu um mandado de prisão para González, que se mudou para a Espanha e recebeu asilo.