Reconhecida nesta sexta com o Nobel da Paz, a opositora venezuelana María Corina Machado, demonstrou otimismo e gratidão "em nome do povo venezuelano", ao saber nesta sexta-feira da notícia de sua premiação.
"Estamos trabalhando muito arduamente para conseguir isso, mas estou certa de que venceremos. Este é, sem dúvida, o maior reconhecimento para o nosso povo, que verdadeiramente o merece", disse Machado ao secretário do Comitê Nobel, Kristian Berg Harpviken, que a informou por telefone sobre a decisão.
"Isto é um movimento, uma conquista de toda a sociedade. Eu sou apenas uma pessoa e, certamente, não o mereço", afirmou emocionada Machado, a quem o responsável pela instituição norueguesa respondeu: "Você merece" o prêmio.
O Comitê Norueguês do Nobel concedeu o prêmio a Machado "por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia". A vitória destaca o papel de Machado como uma figura "chave e unificadora em uma oposição política que antes era profundamente dividida", disse Jørgen Watne Frydnes, presidente do comitê.
A escolha do comitê e a repressão
O presidente do comitê elogiou a coragem de Machado, que foi forçada a viver escondida após o recrudescimento da repressão. "Apesar das sérias ameaças à sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões. Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem", declarou Frydnes.
A premiação ocorre em meio a um contexto de profunda crise política na Venezuela. O governo do ditador Nicolás Maduro intensificou a perseguição a oponentes antes e depois das eleições presidenciais do ano passado. Machado, que deveria concorrer contra Maduro, foi desqualificada pelo governo e, em seu lugar, apoiou o diplomata Edmundo González Urrutia.
O período eleitoral foi marcado por repressão, prisões e violações de direitos humanos. Após o Conselho Nacional Eleitoral, controlado por apoiadores de Maduro, declarar a vitória do ditador, protestos eclodiram em todo o país e foram respondidos com força, culminando em mais de 20 mortos. A repressão também levou ao fim das relações diplomáticas entre a Venezuela e vários países, como a Argentina.
Incerteza sobre a cerimônia
Atualmente, Machado vive na clandestinidade e não é vista em público desde janeiro. Além disso, foi emitido um mandado de prisão para González Urrutia, que se exilou na Espanha.
Questionado se a líder venezuelana poderá comparecer à cerimônia do Nobel em Oslo, na Noruega, em dezembro, o presidente do comitê do Nobel expressou incerteza. Frydnes afirmou que a presença de Machado dependerá das condições de segurança. "É uma questão de segurança. É muito cedo para dizer. Sempre esperamos ter o laureado conosco em Oslo, mas esta é uma situação de segurança séria que precisa ser resolvida primeiro", concluiu.