Investigação sobre Covid e plano migratório: Sunak tem semana difícil no Reino Unido

Investigação sobre Covid e plano migratório: Sunak tem semana difícil no Reino Unido

Primeiro-ministro é questionado sobre seu papel quando era ministro das Finanças durante a pandemia

AFP

Primeiro-ministro durante depoimento

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O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, enfrenta uma semana de alto risco para seu mandato no Reino Unido, com seu depoimento nesta segunda-feira (11) à comissão de investigação sobre a Covid e a ameaça de rebelião em seu partido por seu projeto de enviar imigrantes irregulares a Ruanda.

Sunak, que foi ministro de Finanças durante a pandemia, foi criticado por tomar decisões com o objetivo de salvar a economia do país, que teriam colaborado para a propagação do vírus, segundo seus críticos. "As vidas humanas são mais importantes que o dinheiro", escutou Sunak de um manifestante ao chegar nesta segunda-feira a Dorland House, o edifício do governo a oeste de Londres.

Poucos dias após Boris Johnson, primeiro-ministro na época da pandemia, pedir perdão às vítimas, admitindo que deveria ter se dado conta da gravidade da situação "muito antes", Sunak relativizou seu papel na crise sanitária.

"Repercussão econômica"

Após começar seu depoimento afirmando que "sente profundamente" as perdas humanas, o ex-ministro das Finanças negou qualquer "choque entre saúde pública e economia". "Houve muitas repercussões socioeconômicas, repercussões na educação, na saúde mental, no sistema judicial, assim como repercussões puramente econômicas", afirmou, defendendo que era importante que as autoridades examinassem todas.

"Considerava que meu papel à frente da Economia consistia em garantir que o primeiro-ministro tivesse o melhor assessoramento possível e uma análise da informação relacionada ao impacto financeiro e das consequências de algumas decisões", disse Sunak.

Rishi Sunak, que está há um ano como primeiro-ministro, precisou responder sobre as medidas tomadas no verão (hemisfério norte) de 2020 para incentivar a população à frequentar restaurantes. Umas dessas iniciativas, chamada "Eat out to help out" (comer fora para ajudar), foi criticada por cientistas que assessoravam o governo.

Especialistas afirmaram à comissão de investigação que esta medida colaborou para intensificar a segunda onda da epidemia no final de 2020. Umas das cientistas, Angela McLean, apelidou Rishi Sunak como "Doctor Death" (Doutor Morte) em uma conversa por WhatsApp com um colega.

A pandemia deixou mais de 230.000 mortos no Reino Unido e a comissão investiga a gestão política do governo durante o surto do vírus. Os trabalhos da comissão independente de investigação, presidida pela ex-juíza Heather Hallett, podem durar até 2026.

A declaração de Rishi Sunak ocorre enquanto sua autoridade é questionada dentro do Partido Conservador. A ala mais rígida dos tories considera brando demais seu novo plano para enviar imigrantes irregulares a Ruanda, um projeto que será votado na terça-feira pelo Parlamento.

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Rebelião conservadora

Diferentes alas de seu partido se reunirão nesta segunda-feira para decidir se seus deputados apoiarão ou não o plano que será votado, a terceira versão de um projeto lançado por Boris Johnson e bloqueado pelos tribunais.

Após o Tribunal Supremo declará-lo ilegal em novembro, expressando sua preocupação pela segurança dos imigrantes deportados, este novo plano deve incluir que Ruanda é um "país seguro". Mas os membros da ala mais radical dos conservadores, liderados pela ex-ministra de Interior, Suella Braverman, podem votar contra.

Para estes deputados, o Reino Unido deveria retirar-se da Convenção Europeia de Direitos Humanos e outros tratados, para evitar futuros recursos legais. A rebelião de 28 deputados conservadores pode provocar a rejeição ao projeto.

Robert Jenrick, ministro para a Imigração, que deveria apresentar o texto ao Parlamento, apresentou sua demissão na quarta-feira, após considerar que o plano não iria "longe o suficiente". Braverman disse que a nova versão está "condenada ao fracasso".


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