Declaração do Mercosul condena "ações unilaterais" no Essequibo

Declaração do Mercosul condena "ações unilaterais" no Essequibo

"A América Latina deve ser um território de paz", diz o texto

AE

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Ao final da cúpula do Mercosul, realizada no Rio de Janeiro, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, membros do bloco, além de Chile, Colômbia, Equador e Peru, países associados, emitiram nesta quinta-feira um comunicado expressando "profunda preocupação com a elevação das tensões" no Essequibo, região da Guiana reivindicada pela Venezuela. A declaração conjunta menciona "ações unilaterais que devem ser evitadas".

O texto, assinado por 8 dos 12 países do continente, chamou atenção por ser curto e por não ter sido firmado pela Bolívia, que foi oficializada como novo membro do Mercosul na cúpula do Rio. "A América Latina deve ser um território de paz", diz o texto. "Ações unilaterais devem ser evitadas, pois adicionam tensão."

Guiana e Suriname, que não participaram do encontro, e a Venezuela, que está suspensa do Mercosul desde 2016, por "ruptura da ordem democrática", também não assinaram o documento, que foi proposto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a abertura do encontro. O presidente brasileiro já defendeu que a Venezuela fosse reintegrada ao bloco, mas a pauta não avançou.

Fontes do governo brasileiro confirmaram que o teor da declaração não estava inicialmente na pauta do encontro e foi discutido durante a cúpula do Rio, no momento em que a disputa territorial pelo Essequibo ganhou novos contornos. O presidente brasileiro disse que o Mercosul não poderia ficar "alheio" à crise entre Venezuela e Guiana. "Estamos acompanhando com preocupação a situação", disse.

Diplomacia

Na mesma linha, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, defendeu a solução pelo diálogo ao falar com a imprensa, na saída da cúpula, e detalhou as ações do Itamaraty. O chanceler brasileiro lembrou que o assessor especial da presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, esteve recentemente na Venezuela, e o próprio Vieira conversou com o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali.

"Em um mundo conturbado por tantos conflitos, é sempre importante lembrar a contribuição do Mercosul para que a América do Sul constitua hoje a zona de paz mais extensa do mundo", disse o chanceler brasileiro.

Lula também sugeriu que a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) - bloco voltado à integração regional e discussão de problemas comuns - deveria dialogar com os dois lados do conflito.

O presidente brasileiro se colocou à disposição para sediar reuniões em Brasília, como já aconteceu no mês passado, quando chanceleres dos 12 países da América do Sul, incluindo de Guiana e Venezuela, discutiram a crise no Essequibo. "Vamos tratar esse assunto com muito carinho, porque o que não queremos na América do Sul é guerra. Não precisamos de conflito, precisamos construir a paz."

Ação unilateral

O secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron, afirmou que a Venezuela não tem motivos para justificar uma ação militar unilateral em sua disputa com a Guiana sobre o Essequibo. "Não vejo absolutamente nenhum argumento para uma ação unilateral", declarou Cameron, durante entrevista coletiva ao lado secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.

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