Brasil acompanha com "preocupação" as tensões entre Venezuela e Guiana pela região de Essequibo
Países mantêm disputa por um território de 160 mil km² rico em petróleo e recursos naturais, onde a Guiana cogita estabelecer bases militares com apoio estrangeiro
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O Brasil acompanha com "preocupação" as tensões entre Venezuela e Guiana pela disputa territorial do Essequibo, que será tema no domingo de um referendo organizado por Caracas, disse, nesta quinta-feira, 30, uma diplomata do alto escalão do Itamaraty.
"Vemos com preocupação esse ambiente tensionado entre dois países vizinhos e amigos", declarou à imprensa a embaixadora Gisela Maria Figueiredo, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty.
A diplomata ressaltou a importância para o Brasil de que, "no momento em que várias regiões do mundo estão com conflitos militares, a América do Sul permaneça um ambiente de paz e cooperação".
Venezuela e Guiana, que compartilham uma extensa fronteira com o Brasil, mantêm uma disputa pelo Essequibo, um território de 160 mil km² rico em petróleo e recursos naturais, onde Georgetown cogita estabelecer bases militares com apoio estrangeiro.
Figueiredo disse que o Brasil mantém um diálogo de alto nível com ambos os lados para buscar uma "solução pacífica", o que inclui uma recente visita a Caracas de Celso Amorim, assessor para Assuntos Internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula se reunirá com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, na cúpula climática CO28 em Dubai nesta semana, segundo a imprensa.
Mas o Brasil não se pronunciará sobre o referendo convocado para domingo pelo governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que perguntará aos cidadãos se apoiam a concessão de nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes da região em disputa e a criação de uma nova província venezuelana chamada "Guiana Essequiba".
"Do ponto de vista do Brasil, o referendo é um assunto interno da Venezuela", afirmou a embaixadora.
A Guiana critica o referendo e espera que a disputa com a Venezuela posse ser resolvida pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição sobre o caso do Essequibo não é reconhecida por Caracas.
Por outro lado, questionada sobre supostas operações militares do Brasil na fronteira com Venezuela e Guiana relatadas pela imprensa, Figueiredo afirmou não ter informações sobre o tema.
O Exército disse em nota enviada à AFP que tropas da infantaria realizam uma "prática habitual" de treinamento em Roraima, estado fronteiriço com a região do Essequibo.