COP28: Apelo para promover o fim da era dos combustíveis fósseis marca abertura

COP28: Apelo para promover o fim da era dos combustíveis fósseis marca abertura

Conferência acontecerá ao longo de 13 dias no enorme parque de exposições dos Emirados Árabes Unidos

AFP

Stiell pediu ao mundo que sinalize o "declínio definitivo da era dos combustíveis fósseis"

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A maior conferência sobre a mudança climática da história começou oficialmente nesta quinta-feira (30) em Dubai, em um momento de recordes e fenômenos meteorológicos inquietantes no mundo.

Na abertura, o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC), Simon Stiell, pediu ao mundo que sinalize o "declínio definitivo da era dos combustíveis fósseis".

Alguns minutos antes, o presidente da COP28, Sultan Ahmed Al Jaber, defendeu a menção do "papel dos combustíveis fósseis" no acordo final.

O presidente da COP27 - realizada ano passado -, o chanceler egípcio Sameh Shukri, pediu um minuto de silêncio por "todos os civis que morreram no atual conflito de Gaza".

A cooperação entre os países será testada na COP28, que tem quase 97.000 inscritos, mais que o dobro do número registrado na reunião de 2022.

Além das discussões sobre temas como o financiamento das atividades relacionadas ao clima e os compromissos de cada país para lutar contra as emissões de gases do efeito estufa, o evento também é marcado pelo conflito entre Israel e Hamas e a guerra na Ucrânia.

A COP28 acontecerá ao longo de 13 dias no enorme parque de exposições dos Emirados Árabes Unidos (EAU), a sétima potência petrolífera mundial, o que provocou muitas críticas de organizações ecologistas e analistas.

A reunião terá as presenças, entre outros, do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, do rei Charles III da Inglaterra e do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez.

O papa Francisco foi obrigado a cancelar a viagem a Dubai por recomendação médica, devido a uma gripe.

Após a aprovação da agenda da conferência, Dubai receberá durante dois dias, sexta-feira e sábado, mais de 140 líderes mundiais.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, e o líder da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, confirmaram presença.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, também deve discursar no encontro de cúpula sobre o clima, enquanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não comparecerá, embora seu país tenha uma participação ativa nas negociações.

O ano mais quente

O ano de 2023 pode ser o mais quente já registrado e bater vários recordes, alertou a ONU, que exigiu medidas urgentes para frear o aquecimento global.

"Os gases de efeito estufa estão em níveis recordes. As temperaturas globais estão batendo recordes. O mar está em níveis recordes e a camada de gelo marinho da Antártica nunca foi tão fina", disse o chefe da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas.

Para o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, os recordes de temperatura deveriam "fazer os líderes mundiais suarem frio".

A temperatura média do ano passado ficou 1,15ºC acima da média da era pré-industrial. A meta ideal é limitar o aumento a 1,5ºC.

Este foi o ponto central do histórico Acordo de Paris de 2015 (COP21). E é este documento que marca a pauta, apesar dos altos e baixos, da luta contra as mudanças climáticas.

Primeiro balanço

A comunidade internacional apresentou em setembro o primeiro balanço de compromissos de redução de emissões e de medidas de adaptação e mitigação da mudança climática, como demandava o Acordo de Paris.

As mudanças climáticas provocam, segundo os cientistas, fenômenos extremos, como secas, chuvas torrenciais e o aumento do nível do mar.

A COP28 deve estabelecer o reforço dos compromissos nacionais (NDC na sigla em inglês), mas as divergências são profundas entre os países que mais poluem e as nações que mais sofrem as consequências da mudança climática.

As decisões na COP devem ser adotadas por consenso.

Uma boa notícia pode ser anunciada nas próximas horas com a aprovação unânime da estrutura de um Fundo para Perdas e Danos provocadas pela mudança climática.

Esta reivindicação dos países do Sul foi duramente negociada durante anos. O rascunho do texto afirma que o fundo será integrado ao Banco Mundial. As primeiras contribuições podem ser anunciadas ainda esta semana.

Mas esta luz de esperança é ofuscada pelas dificuldades das negociações, como, por exemplo, mencionar o fim do uso dos combustíveis fósseis.

Segundo os cientistas, para atingir a meta de neutralidade de carbono até metade do século é necessário reduzir drasticamente, a um ritmo muito mais acelerado que o atual, o uso de petróleo, gás e carvão.

Os negociadores discutem há vários anos no âmbito da COP a possibilidade de apresentar um apelo ao "abandono total" dos combustíveis fósseis ou uma "saída gradual".

A presidência da conferência provoca suspeitas entre ambientalistas.

O CEO da empresa petrolífera dos EAU, Sultan Ahmed Al Jaber, preside a COP28 e esta semana foi acusado de utilizar suas prerrogativas para concluir acordos de petróleo com outros países.

"É uma tentativa de sabotar o trabalho da presidência da COP28", respondeu Jaber aos vazamentos publicados pela BBC e por uma organização denominada Centro de Jornalismo Climático.


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