Triunfo da extrema direita nos Países Baixos preocupa a União Europeia
Com propostas polêmicas, como saída do Bloco Europeu, Geert Wilders, líder da extrema direita no país, é visto com temor na Comunidade Europeia
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A vitória da extrema direita nos Países Baixos abalou Bruxelas, sede das instituições da União Europeia, a menos de sete meses das eleições europeias que podem ser marcadas por um reforço aos partidos que questionam o projeto comunitário.
Nessa linha, o líder do Partido da Liberdade (PVV, de extrema direita), Geert Wilders, é visto com preocupação.
O líder holandês critica regularmente os "ditados" da UE e inclusive prometeu, em sua campanha eleitoral, um referendo sobre um 'Nexit', uma eventual saída de seu país do bloco europeu. No entanto, os analistas afirmam que a chegada de Wilders à mesa dos principais presidente europeus ainda não ocorrerá.
Para Benoit Rihoux, professor da Universidade Católica de Lovaina, é necessário diferenciar a matemática resultante das eleições legislativas de quarta-feira e "aquilo que é politicamente possível". Em sua opinião, Wilders se verá obrigado a fazer concessões para encontrar aliados e formar uma coalizão.
Nesta quinta-feira, o porta-voz da Comissão Europeia (braço executivo da UE), Eric Mamer, disse que os Países Baixos são "membros fundadores da UE e seguimos contando com sua plena participação" no bloco.
Porém, a medida que se aproximam as eleições europeias de junho de 2024, o desempenho do partido anti-imigração e que questiona a UE é visto como uma mudança no equilíbrio político do bloco.
"Podemos esperar ao menos uma consolidação dos populistas de direita ou mesmo um aumento de seu número de cadeiras no Parlamento Europeu", disse à AFP Nathalie Brack, da Universidade Livre de Bruxelas (ULB).
Equilíbrio fraco
O PVV pode somar-se às filas do grupo político Identidade e Democracia (ID), junto com o francês Reagrupamento Nacional (RN)e o alemão AfD, ambos em alta, disse Brack. Um dos vice-presidentes do ID, o francês Jordan Bardella, celebrou a vitória do PVV como "uma derrota para os apoiadores da migração maciça e do islamismo".
Em geral, Brack indica que o "descontentamento generalizado em certos países com os partidos tradicionais" também poderia beneficiar o grupo de Conservadores e Reformistas (ECR) no Parlamento Europeu, onde atua o partido espanhol de extrema direita Vox.
O bloco ECR tem 67 eurodeputados no Parlamento Europeu, atrás dos Verdes (72) e à frente do ID (60). Claramente, é um cenário que pode mudar nas próximas eleições europeias. O eurodeputado francês Raphael Glucksmann, provável cabeça da lista socialista nas eleições europeias, indicou que a UE está em perigo com as seguidas vitórias da extrema direita.
Wilders "fez campanha não apenas contra os muçulmanos e a imigração, mas também atacou o Acordo Verde Europeu e a transição ecológica", afirmou o eurodeputado.
O holandês Frans Timmermans abandonou seu cargo de comissário europeu para a Ação Climática e vice-presidente da Comissão, para impulsionar uma proposta ecossocialista, mas seus esforços foram frustrados com o avanço do PVV.
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